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Como ir à escola e conhecer o Capibaribe com Paulo Freire? Eis a provocação. Esse desafio convida, de modo inter, multi e transdisciplinar, a nos envolvermos com apreciação e sensibilidade cognitiva com múltiplas histórias.
É provável que, em 19 de setembro de 1921, data de nascimento do patrono da educação brasileira, as águas do Capibaribe fossem cristalinas, límpidas; parte desse fantástico ecossistema, seus estuários, rios, mangues, mar, diversidade de formas de vida e mistérios, porém, carregava marcas de relações antidialógicas e destrutivas, que produzem, ainda hoje, profundos desequilíbrios.
A complexidade da provocação foi trilhada de maneira interdependente e complexa. Esses caminhos foram tecidos a muitas mãos. Será possível apreciar diferentes trabalhos, mas todos em diálogo com os princípios teóricos e metodológicos de Paulo Freire. Esses princípios têm possibilitado o desenvolvimento da Ecopedagogia, abordagem influenciada pelo pensamento freiriano.
Podemos afirmar que este trabalho é uma espécie de “fractal” marcado pelas intuições de Freire. A metáfora de conhecer o Rio Capibaribe em diálogo freiriano é pertinente. Ela será desenvolvida com poesia, ciência, imaginação, indignação, ousadia e inventividade.
Há um percurso inicial que conduz o leitor à história de Freire, cidadão recifense, cidadão do mundo. Às suas ideias, influências, sonhos.
Esse recifense arretado produziu conhecimento guiado por uma amorosidade indignada, nutrida pelo espírito anticolonialista. Esse espírito foi agraciado pelas leituras dos textos de Frantz Fanon, principalmente Os Condenados da Terra.
A relação entre humanização, desumanização e prática de liberdade cria as possibilidades de pensar uma educação em movimento humanizador constante. O livro implicitamente provoca e sugere que esse processo é marcadamente emaranhado com o ecossistema. Somos mangue, rio, mar, crustáceo, que sonha, faz e refaz histórias. Essas histórias são tecidas nas relações sociais, envolvem saberes tradicionais de diferentes povos e culturas. Mas podem ser lidas criticamente. Ler é ler o mundo. Produzir significados e reinventá-lo.
O livro afirma que conhecer é a chave para conservar, humanizar e produzir sustentabilidades. O trabalho nos brinda com informações, saberes e conhecimentos sobre o Capibaribe e suas complexas interações. Desde a nascente, percorrendo toda a sua bacia hidrográfica, corta cidades e cria o seu estuário, manguezal, que é berçário natural para diferentes espécies. O livro explora os potenciais pedagógicos do barco-escola, que, ao percorrer o rio, constrói conhecimentos e aguça a imaginação poética.
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