A ideia na qual se ancorou a criação desta coletânea sobre Literatura e Ensino decorreu de algumas questões que, juntas, oferecem um breve painel sobre as dificuldades para o exercício da prática de leitura no Brasil.
Como pode ser percebido nos artigos que compõem este livro, a ausência de bibliotecas nas escolas, o limitado hábito de leitura dos pais, o surgimento das novas tecnologias, notadamente, a internet, além do uso de resumos e excertos das obras pelos alunos, são fatores que concorrem para a permanência desse déficit educacional e social.
Em liame com essas questões, existe um reconhecido despreparo na formação docente, acompanhado por baixos salários e falta de afinidade dos professores com o texto literário, motivações que ensejaram a elaboração dos trabalhos ora publicados.
O reconhecimento do pouco acesso e interesse dos alunos às obras literárias foi determinante para que trouxéssemos a lume uma reflexão sobre a importância do ato de ler. Nesse sentido, a existência deste livro atende a dois propósitos: primeiro, endossar o viés ético e estético portado pela Literatura, acolhendo-a como uma via transformadora das vivências experienciadas pelo homem na formação de sua subjetividade.
E, segundo, ele visa a divulgar as atividades realizadas na disciplina Prática Pedagógica no Ensino de Literatura Portuguesa, do Curso de Letras da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Um dos requisitos exigidos para avaliação dos alunos foi elaborar um Projeto de Intervenção que estimulasse o letramento literário. Eles deveriam contemplar uma prática de leitura, destacando a importância do planejamento das aulas, a utilização de estratégias de ensino inovadoras, além de sequências didáticas e modalidades avaliativas.
Concluímos esta coletânea com uma problematização sobre a presença/ausência do ato de leitura, tema do artigo A prática de leitura literária: breves apontamentos. Nele são amalgamados dilemas e inquietações que permeiam todos os projetos, corroborando a improvável realização de todo o potencial humano se o sujeito não se deixar envolver nas múltiplas dimensões oferecidas pela Literatura.