Censura, Imprensa E Estado Autoritário (1968-1978)

O trabalho de reflexão acerca da problemática da censura política à imprensa escrita no Brasil, em suas inter-relações com o Estado autoritário e com os órgãos de divulgação determinados, restrito aos limites temporais do regime militar instaurado no país, após o movimento armado de 1964

, carrega consigo algumas questões.
A primeira é a tendência a se considerar a censura política como um exercício unilinear, uma prática geralmente vivenciada à distância, sob a proteção do anonimato – por trás de um telefone, de um bilhete sem assinatura e mesmo sob a impessoalidade dos organismos estatais representando-se como “de ordem superior”, por meio da fórmula clássica de “fica terminantemente proibido” e por intermédio da capa protetora de uma imagem burocrática e asséptica do funcionário público “cumpridor de ordens”.
Em segundo lugar, a imagem construída de um Estado todo poderoso, dotado de vontade única, livre de contradições internas e de interesses diferenciados, condutor dos destinos da nação, tanto no momento de recrudescimento da repressão (a partir de 1968), como quando “resolve” distender as pressões políticas sobre a sociedade civil (a partir do projeto de abertura “lenta, gradual e segura”).
Em terceiro, a representação de uma imprensa escrita, vítima do algoz da censura e indivisível na batalha pela restauração da plena liberdade de expressão.
Entende-se que essas questões trazem a marca de uma memória construída, também ela, parte da estratégia de dominação, a quem interessa preservar a representação da censura, da imprensa e do Estado autoritário, sem a dimensão da experiência de homens e mulheres que agem de modo contraditório e conflituoso. Nessa construção, acredita-se, a própria ação dos homens enquanto sujeitos fica perdida, necessitando ser redimensionada.
Esta é a preocupação deste livro – a luta pela restauração dos múltiplos e diferenciados aspectos, escondidos atrás da inter-relação que, em momento histórico determinado (1968-1978), reuniu a censura política, a imprensa escrita e o Estado autoritário brasileiro pós-64, para narrar uma história que não pode dar lugar a visões maniqueístas (vítima x algoz) e lineares (A censura, A imprensa, O Estado).

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O trabalho de reflexão acerca da problemática da censura política à imprensa escrita no Brasil, em suas inter-relações com o Estado autoritário e com os órgãos de divulgação determinados, restrito aos limites temporais do regime militar instaurado no país, após o movimento armado de 1964, carrega consigo algumas questões.
A primeira é a tendência a se considerar a censura política como um exercício unilinear, uma prática geralmente vivenciada à distância, sob a proteção do anonimato – por trás de um telefone, de um bilhete sem assinatura e mesmo sob a impessoalidade dos organismos estatais representando-se como “de ordem superior”, por meio da fórmula clássica de “fica terminantemente proibido” e por intermédio da capa protetora de uma imagem burocrática e asséptica do funcionário público “cumpridor de ordens”.
Em segundo lugar, a imagem construída de um Estado todo poderoso, dotado de vontade única, livre de contradições internas e de interesses diferenciados, condutor dos destinos da nação, tanto no momento de recrudescimento da repressão (a partir de 1968), como quando “resolve” distender as pressões políticas sobre a sociedade civil (a partir do projeto de abertura “lenta, gradual e segura”).
Em terceiro, a representação de uma imprensa escrita, vítima do algoz da censura e indivisível na batalha pela restauração da plena liberdade de expressão.
Entende-se que essas questões trazem a marca de uma memória construída, também ela, parte da estratégia de dominação, a quem interessa preservar a representação da censura, da imprensa e do Estado autoritário, sem a dimensão da experiência de homens e mulheres que agem de modo contraditório e conflituoso. Nessa construção, acredita-se, a própria ação dos homens enquanto sujeitos fica perdida, necessitando ser redimensionada.
Esta é a preocupação deste livro – a luta pela restauração dos múltiplos e diferenciados aspectos, escondidos atrás da inter-relação que, em momento histórico determinado (1968-1978), reuniu a censura política, a imprensa escrita e o Estado autoritário brasileiro pós-64, para narrar uma história que não pode dar lugar a visões maniqueístas (vítima x algoz) e lineares (A censura, A imprensa, O Estado).

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