
O desafio de compreender a história da educação dos sentidos se depara com a dificuldade inicial de compreender o que são os sentidos e mesmo a sensibilidade. Para tentar uma aproximação dessa dimensão da nossa humanidade, pretendemos inscrevê-la no âmbito de um conjunto de influências mutuamente complementares.
A natureza, a estética, a ciência e a cultura, entendida como síntese da economia, da política e da sociedade, por mais que a sua separação remeta a dificuldades que não são de fácil resolução, são os âmbitos nos quais os sentidos, a sensibilidade e a sua educação podem ser percorridos pelo historiador.
Assim, por mais que, após o linguist turn, se convencione dizer que tudo se encerra na linguagem, parece que não se pode negar uma dimensão dos sentidos que passa, necessariamente, pela percepção do mundo; percepção essa que é sensitiva, no sentido mesmo de operar com alguns atributos do corpo que não podem negligenciar o domínio da natureza.
Dessa forma, se, de alguma maneira, os objetos nos tocam de modo a permitir que sobre eles estabeleçamos as mais diversas simbologias, ainda assim a apreensão do mundo se dá pela via dos nossos sentidos primevos: tato, olfato, paladar, visão e audição.
Sentidos E Sensibilidades: Sua Educação Na História se organiza em torno do tema da educação dos sentidos e das sensibilidades, em uma perspectiva interdisciplinar, porém, tendo a história como fio condutor. Assim, sua principal motivação recai sobre a análise histórica dos processos de formação, seja no âmbito da chamada educação social, de corte não propriamente escolar, ou no âmbito da escolarização.
Busca inventariar problemas, suportes empíricos e historiográficos que mereçam a investigação minuciosa, de modo a compreender como se afirmaram, ao longo da história, diferentes maneiras de formar/educar os sentidos e as sensibilidades pelos usos autorizados ou não de diferentes espaços e tempos que ajudaram a forjar uma forma de ser “moderna”, que caracterizou parte significativa das retóricas de legitimação do Brasil e da América Latina.
Para isso, centra seus esforços na compreensão de duas histórias que se imbricam, a história do trabalho, aqui incluída a dimensão do lazer, e a história da educação, sobretudo no âmbito das diferentes formas de educação do corpo.
