
O aquecimento global e as mudanças climáticas decorrentes de uma atmosfera mais quente são os assuntos mais importantes que qualquer veículo de comunicação pode cobrir. Nada é tão impactante, tem alcance tão global ou redefine tanto a forma como vivemos quanto as mudanças climáticas. Nenhum aspecto da vida fica intocado. Da engenharia às artes, das relações entre países ao consumo, das estruturas de saúde ao lazer.
Tudo um dia será contado entre o antes e o depois do aquecimento. Nenhum fenômeno, humano ou natural, se iguala em capacidade de criar conflitos, destruir, desalojar, matar. E, no entanto, nossas redações ainda tratam do assunto como periférico, menos importante. Isso precisa mudar. Com urgência, para que o jornalismo desempenhe seu papel de informar sobre o que é relevante na vida das pessoas, tornando-as mais capacitadas a tomarem decisões informadas sobre seus futuros. Este manual é a ferramenta que faltava para ajudar as redações a cumprirem com essa obrigação.
As mudanças climáticas são um dos maiores desafios da contemporaneidade. Os alertas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apontam que temos pouco tempo para enfrentar os efeitos, graves e já urgentes, decorrentes das alterações do clima no planeta. O último relatório da organização, divulgado em setembro de 2019, centrado nos oceanos e na criosfera (a massa de neve e gelo da Terra), além de ressaltar as perdas atreladas à inação, destaca, pela primeira vez, a importância da educação para melhorar o conhecimento acerca das mudanças climáticas, algo diretamente relacionado ao papel do jornalismo.
A forma como se dá a cobertura jornalística sobre o tema pode contribuir para o debate público e a discussão de políticas, assim como a própria sensibilização da sociedade sobre a complexidade e dimensão das mudanças do clima. Como arena de mediação social, a frequência, os enfoques, as relações construídas a partir do tema e as demais escolhas que permeiam a prática jornalística podem fazer a diferença. O jornal britânico The Guardian, por exemplo, a fim de reforçar o tamanho do desafio que estamos vivendo, alterou a forma de se nomear a questão em suas páginas, substituindo “mudanças climáticas” por “emergência, colapso ou crise climática”.
Os Grupos de Pesquisa Estudos de Jornalismo (UFSM) e Jornalismo Ambiental (UFRGS), ambos certificados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), elaboraram este Minimanual que visa a oferecer subsídios para uma cobertura mais qualificada a jornalistas e estudantes de jornalismo sobre a cobertura das mudanças climáticas.
