Márcia Esteves De Calazans & Outras (Orgs.) – América Latina: Corpos, Trânsitos E Resistências Vol. I
Este livro busca dar visibilidade aos esforços e resultados de estudos e pesquisas desenvolvidas em diferentes continentes sobre a existência e afinidades do neoliberalismo e as realidades materiais e culturais da democracia, das desigualdades, das cidades, dos movimentos migratórios, das mulheres que se colocam em movimento em espaços fronteiriços, das relações de gênero e étnico-raciais, em especial na América Latina.
Nesse sentido aponta desdobramentos específicos e historicamente marcados à partir do contexto político e sócio-espacial dos campos em estudos.
As transformações mundiais após o fim da guerra fria, a nova geopolítica configurada na década de 80, onde a disputa internacional não se colocou mais entre duas grandes potencias, e sim entre sete países do norte global que hoje disputam e detêm o poder dos solos, terras espalhadas pelo mundo, sobretudo localizadas na África, América Latina e Ásia, interessando-lhes o que tem embaixo do solo.
A invisibilidade inicial desta nova configuração geopolítica, da dinâmica do processo subterrâneo, fez com que somente nos anos 90-00 estudiosos e pesquisadores atentem-se para essa nova reconfiguração e o impacto desta dinâmica, subterrânea, sobre aqueles que vivem em cima destes solos.
Sabe-se que a aquisição de terras de um país por governos e empresas estrangeiros não é novo, é um processo que ocorre há vários séculos.
Porém há fases específicas nas diferentes histórias e geografias destas aquisições. E, sobretudo tivemos uma mudança significativa à partir de 2006, marcada por um rápido aumento no volume e na expansão geográfica das aquisições estrangeiras.
Land Matrix, Global Obsevatory, que monitora grandes aquisições de terras, revelam que, de 2000 a 2015, 42,2 milhões de hectares foram negociados em todo o mundo por empresas estrangeiras, sobretudo no Sul global – o número também inclui intenções de compra.
Desse total, 26,7 milhões de hectares foram efetivamente comprados em um total de 1.004 transações nos 15 anos cobertos pelo relatório. O Brasil está entre os cinco países com maior área envolvida nessas transações, junto com a Rússia, Indonésia, Ucrânia e Papua-Nova Guiné.
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