“Não É Só A Torcida Organizada”

A violência envolvendo espectadores de futebol é uma questão preocupante, além de um grande desafio para as políticas públicas relacionadas ao esporte e ao lazer no Brasil. É muito reproduzida e noticiada nos meios de comunicação e, ao ameaçar os direitos sociais, a cidadania e a liberdade, gera não apenas inquietação na sociedade

em geral, mas também uma série de questões instigantes que podem ser contempladas por estudos acadêmicos. Isso nos serviu de motivação para escrever este livro, com a finalidade de refletir sobre a problemática da violência entre torcedores de futebol (especialmente os organizados) – um imenso e prazeroso desafio que envolve interesses pessoais.
Investigada e debatida nos trabalhos acadêmicos, seja em âmbito nacional ou internacional, a violência envolvendo torcedores de futebol revela-se um fenômeno de ocorrência mundial. Há estudos acadêmicos sobre o tema provenientes de países com distintas condições socioeconômicas, entre os quais Inglaterra, Espanha, Suécia, Itália, Holanda, Argentina e Brasil.
Episódios violentos envolvendo torcedores de futebol ganharam notoriedade mundial na década de 1960, com os hooligans ingleses. Esses violentos confrontos entre torcedores e forças policiais despertaram a atenção da sociedade, dos políticos e da mídia para a questão. No cenário brasileiro, as torcidas organizadas normalmente são as únicas responsabilizadas pelas brigas, e o discurso veiculado pela mídia para tratar da questão muitas vezes cria um estereótipo desse torcedor ao classificá-lo de “vândalo” e “marginal”, com uma conotação sensacionalista e carregada de preconcepções.
Almejando contribuir para o debate, propusemo-nos investigar, neste trabalho, o que os torcedores organizados teriam a dizer sobre a violência no futebol brasileiro, para posteriormente interpretar seus discursos à luz do referencial teórico elaborado pelo sociólogo norueguês Johan Galtung. Esse recurso nos forneceu uma perspectiva ampla do fenômeno da violência, permitindo, inclusive, problematizar aspectos tidos como “naturais”, ou como “coisas do futebol”, e considerá-los episódios de violência. Em outras palavras, foi somente com a utilização dos “óculos” da teoria galtungiana que pudemos enxergar alguns aspectos específicos do tema.
Além disso, as teorias de Galtung nos ajudaram a obter uma potencialidade analítica, ou seja, problematizar e/ou repensar a violência no futebol por meio de questionamentos como: o que é ser violento? O que é a violência no futebol? Quem são os violentos no contexto futebolístico nacional? Fugimos de generalizações (“todo torcedor organizado é violento”), da reprodução de discursos dominantes (“não são torcedores, são vândalos travestidos de torcedores”) e de reduções e/ou simplificações de um problema complexo (“é fácil acabar com a violência no futebol”).

   

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A violência envolvendo espectadores de futebol é uma questão preocupante, além de um grande desafio para as políticas públicas relacionadas ao esporte e ao lazer no Brasil. É muito reproduzida e noticiada nos meios de comunicação e, ao ameaçar os direitos sociais, a cidadania e a liberdade, gera não apenas inquietação na sociedade em geral, mas também uma série de questões instigantes que podem ser contempladas por estudos acadêmicos. Isso nos serviu de motivação para escrever este livro, com a finalidade de refletir sobre a problemática da violência entre torcedores de futebol (especialmente os organizados) – um imenso e prazeroso desafio que envolve interesses pessoais.
Investigada e debatida nos trabalhos acadêmicos, seja em âmbito nacional ou internacional, a violência envolvendo torcedores de futebol revela-se um fenômeno de ocorrência mundial. Há estudos acadêmicos sobre o tema provenientes de países com distintas condições socioeconômicas, entre os quais Inglaterra, Espanha, Suécia, Itália, Holanda, Argentina e Brasil.
Episódios violentos envolvendo torcedores de futebol ganharam notoriedade mundial na década de 1960, com os hooligans ingleses. Esses violentos confrontos entre torcedores e forças policiais despertaram a atenção da sociedade, dos políticos e da mídia para a questão. No cenário brasileiro, as torcidas organizadas normalmente são as únicas responsabilizadas pelas brigas, e o discurso veiculado pela mídia para tratar da questão muitas vezes cria um estereótipo desse torcedor ao classificá-lo de “vândalo” e “marginal”, com uma conotação sensacionalista e carregada de preconcepções.
Almejando contribuir para o debate, propusemo-nos investigar, neste trabalho, o que os torcedores organizados teriam a dizer sobre a violência no futebol brasileiro, para posteriormente interpretar seus discursos à luz do referencial teórico elaborado pelo sociólogo norueguês Johan Galtung. Esse recurso nos forneceu uma perspectiva ampla do fenômeno da violência, permitindo, inclusive, problematizar aspectos tidos como “naturais”, ou como “coisas do futebol”, e considerá-los episódios de violência. Em outras palavras, foi somente com a utilização dos “óculos” da teoria galtungiana que pudemos enxergar alguns aspectos específicos do tema.
Além disso, as teorias de Galtung nos ajudaram a obter uma potencialidade analítica, ou seja, problematizar e/ou repensar a violência no futebol por meio de questionamentos como: o que é ser violento? O que é a violência no futebol? Quem são os violentos no contexto futebolístico nacional? Fugimos de generalizações (“todo torcedor organizado é violento”), da reprodução de discursos dominantes (“não são torcedores, são vândalos travestidos de torcedores”) e de reduções e/ou simplificações de um problema complexo (“é fácil acabar com a violência no futebol”).

   

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