
Na concepção de Arte Para A Nação Brasileira, partimos do entendimento de que a nação é uma sociedade que se reconhece, é reconhecida externamente e vive impulsionada pela perspectiva de futuro promissor. Essa sociedade é levada a arguir ancestralidade sempre tentando reduzir (ou esquecer, conforme Ernest Renan) seus desencontros domésticos mais explosivos como a servidão, a escravidão, os privilégios do berço e as profundas desigualdades sociais e as variadas manifestações de preconceitos.
Arte Para A Nação Brasileira reúne autores que admitem ser a nação o tipo de comunidade na qual se baseia a chamada civilização moderna. Assim, afastam o senso comum, que a percebe como resultante de de atingir emocionalmente grandes contingentes. Literatos e artistas visuais, por importantes e indispensáveis papeis que possam exercer na formação de sentimentos e na difusão de valores, não chegam tão fácil e duradouramente à maioria.
A seleção dos artistas estudados em Arte Para A Nação Brasileira não obedeceu a critérios de importância ou de qualidade artística. Levou em conta a disponibilidade de autores com afinidades teóricas com o estudo da nacionalidade bem como sua familiaridade com o artista examinado. Cada capítulo enfoca especificamente um artista.
Obviamente, prestamos atenção às predileções temáticas, opções estilísticas, heranças e influências artísticas, formulações inovadoras, inserção em seu campo específico de atuação (parcerias e confrontações), processo de consagração (difusão da obra, recepção da crítica, estímulos recebidos) e visibilidade atual da obra dos artistas estudados.
Procuramos, o quanto possível, perceber o peso atribuído por cada artista aos aspectos sempre presentes entre os construtores das nacionalidades: as remessas ao legado colonial (escravismo, dependência econômica, domínio oligárquico, racismo etc), os registros das pretensas especificidades brasileiras (caracterizações da sociedade ou de segmentos sociais), as abordagens sobre problemas e mudanças sociais (emergência de valores e comportamentos coletivos), observações sobre a vida política (criticas às instituições, práticas da reprodução do poder), valorização da paisagem e do meio ambiente, relações cidade-campo, diferenciações regionais, avaliações da inserção internacional do Brasil e comparações com sociedades estrangeiras.
