Uma Outra Memória

Não se trata de uma reunião de textos de circunstância, é mais do que isso. Há uma linha de coerência e uma demonstração da importância das ideias na afirmação da democracia.

É de patriotismo prospetivo que aqui se fala, para usarmos a expressão consagrada por António Sérgio. E o certo é que não podemos falar de uma leitura contemporânea do Portugal democrático sem lermos e ouvirmos Manuel Alegre, para quem a contemporaneidade não pode ser plenamente compreendida sem o assumir das raízes históricas de uma cultura antiga, desde os trovadores galaico-portugueses até "Orpheu" e o que mais se seguiu, passando por Camões, Sá de Miranda, Garrett ou Antero. Eduardo Lourenço falou nele de "nostalgia da epopeia" - e o poeta confirma: "eu tenho essa nostalgia. A minha visão de Portugal é uma visão poética, uma visão integradora, em que se misturam poemas, batalhas, revoluções". "Uma luz só luz", lembra Jorge de Sena: "Quando estava no exílio, eu pensava muitas vezes na luz de Portugal. Em um azul que trazia dentro de mim, o azul de Lisboa a certas horas, o azul do Atlântico que, por vezes, é um azul verde cinzento, um azul de sol e bruma, de vento e espuma". Que é a cultura senão essa memória da terra e do mar?
Octávio Paz disse: "a liberdade não é uma filosofia e nem sequer uma ideia: é um movimento de consciência que nos leva, em certos momentos, a pronunciar dois monossílabos: sim e não". E quantas vezes é mais o não que o sim a funcionar como defesa da singularidade e da autonomia individual contra a "tirania da maioria". Assim o entende o poeta… "Não há liberdade sem liberdades" - não é de abstrações que falamos, mas da coragem de enfrentar a uniformização e a indiferença… E ao longo dos textos aqui reunidos – quer invocando personalidades e caminhos, quer pugnando por ideias e causas – temos a defesa da liberdade individual e coletiva, e a "necessidade e urgência de lutar contra o desencanto e de repor a confiança nas nossas instituições, nos nossos valores e no bem supremo da liberdade".

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Não se trata de uma reunião de textos de circunstância, é mais do que isso. Há uma linha de coerência e uma demonstração da importância das ideias na afirmação da democracia. É de patriotismo prospetivo que aqui se fala, para usarmos a expressão consagrada por António Sérgio. E o certo é que não podemos falar de uma leitura contemporânea do Portugal democrático sem lermos e ouvirmos Manuel Alegre, para quem a contemporaneidade não pode ser plenamente compreendida sem o assumir das raízes históricas de uma cultura antiga, desde os trovadores galaico-portugueses até “Orpheu” e o que mais se seguiu, passando por Camões, Sá de Miranda, Garrett ou Antero. Eduardo Lourenço falou nele de “nostalgia da epopeia” – e o poeta confirma: “eu tenho essa nostalgia. A minha visão de Portugal é uma visão poética, uma visão integradora, em que se misturam poemas, batalhas, revoluções”. “Uma luz só luz”, lembra Jorge de Sena: “Quando estava no exílio, eu pensava muitas vezes na luz de Portugal. Em um azul que trazia dentro de mim, o azul de Lisboa a certas horas, o azul do Atlântico que, por vezes, é um azul verde cinzento, um azul de sol e bruma, de vento e espuma”. Que é a cultura senão essa memória da terra e do mar?
Octávio Paz disse: “a liberdade não é uma filosofia e nem sequer uma ideia: é um movimento de consciência que nos leva, em certos momentos, a pronunciar dois monossílabos: sim e não”. E quantas vezes é mais o não que o sim a funcionar como defesa da singularidade e da autonomia individual contra a “tirania da maioria”. Assim o entende o poeta… “Não há liberdade sem liberdades” – não é de abstrações que falamos, mas da coragem de enfrentar a uniformização e a indiferença… E ao longo dos textos aqui reunidos – quer invocando personalidades e caminhos, quer pugnando por ideias e causas – temos a defesa da liberdade individual e coletiva, e a “necessidade e urgência de lutar contra o desencanto e de repor a confiança nas nossas instituições, nos nossos valores e no bem supremo da liberdade”.

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