
A história de A Docência (Que) Conta: Narrativas De Isolamento Social se fez em um contexto pandêmico e de grave crise política. Um momento que muitos de nós não cogitávamos viver em nossas histórias de vida. O caos se instaura e vivemos uma distopia que (re)desenha a realidade solitária de uma sociedade egocêntrica, consumista e que se viu ameaçada por vírus letal e altamente contagioso.
Para evitar milhares de mortes, precisamos ficar em casa. E, nessa condição, as formas de existências no mundo tiveram de se refazer num movimento de tensão, atenção, amorosidade e esvaziamentos. Parece que as palavras nos faltam, que as narrativas se silenciam diante do desconhecido terror. Mas, não!
As narrativas estão em nós, estão encarnadas em nossa composição humana. Como professoras e professores, tecemos muitas histórias. Como mães, pais, filhos, filhas, amigos, amigas, irmãos, irmãs e em tantos outros papéis sociais, reinventamo-nos em nossas relações, nos constituímos de e por histórias. Em tempos de isolamento, elas ainda estão presentes. Impossível não estarem, somos histórias. Então, encontramo-nos através e por elas também.
Assim, o que esse livro nos traz? Traz as reações, atitudes, sentimentos, formas de ser e viver, revelando-nos para o outro e para nós mesmos. Interessa-nos trazer um pouco de cada um enquanto pessoa, enquanto profissional, enquanto sujeito que, através da sua individualidade, denuncia o contexto social.
Ao convidarmos nossos colegas professores para escreverem as suas narrativas, tínhamos também a intenção de provocar, nesses sujeitos narradores, a reflexão sobre o sentido do nosso fazer responsivo em tempos de incertezas. Até mesmo a arte da capa do livro foi criada por um dos professores-autores do presente livro, pois o queríamos tecido e pensado coletivamente.
Por isso, cada autor escreveu genuinamente o seu texto. Ora acenando, muitas vezes, os sentidos mais profundos do pensar sobre esse momento tão intenso, ora denunciando anseios, reflexões, dúvidas e até possibilidades de rupturas de vínculos com as instituições em que lecionam. Encontramos inclusive posicionamentos contrários à expansão desenfreada, precarizada e mercantilizada do ser e fazer docente de modo mais prevalecente nesse cenário pandêmico.











