
Alguns objetos estão ligados de forma direta ao homem, sendo portadores de significados que medeiam as relações humanas. Os ornamentos corporais pertencem a essa classe. Autores como Baudrillard defendem a hipótese: “os homens da opulência não se encontram rodeados, como sempre acontecera, por outros homens, mas mais por objetos”. Dessa maneira, as joias, que sempre ocuparam um lugar na história da humanidade, passam a ser vistas não só como um adorno, mas também como um objeto carregado de símbolos e signos, com variadas funções e usos.
Na época do Brasil Colonial, a grande maioria das peças que adornavam o corpo humano foram feitas para as mulheres, como destacou Alcântara Machado: “sem joias não há dama que se considere suficientemente vestida”. Apesar disso, os homens também investiram dinheiro e tempo em busca de um ornamento que os representasse e artefatos próprios para o uso masculino foram criados, seja somente para ataviar, ou mesmo invocando proteção. A joia era vista, também, como símbolo, poder e sentimento.
Em se tratando do século XVIII, na antiga Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, as joias eram peças fundamentais não só para serem mostradas nesses encontros sociais, mas serviram como moeda de troca e possuíram outros significados que ao longo do texto serão explorados. Mas o uso não se restringia à sede da Comarca do Rio das Velhas.
A Joia Mais Preciosa Do Brasil se desenvolve em torno do tema “joalheria do século XVIII”, dando os primeiros passos de um longo caminho a ser percorrido, principalmente em função da escassez de referências visuais e da dispersão de dados referentes ao ofício dos ourives, que se voltaram para a produção de ornamentos corporais femininos e masculinos. Optou-se, aqui, por delimitar o estudo do uso das joias pelos habitantes da Comarca do Rio das Velhas, entre os anos de 1735 e 1815.
