Cansaço, A Longa Estação

Aqui não há lérias: o histrião folgado não encontrará resfolgo, nem o chichisbéu chibante achará raw material para suas chalaças, menos ainda para epítetos onde florisbele apenas a vanitas vanitatum do espírito.


Também o coleante burguês não desfrutará de firulas e encômios que façam a apologia de seu parasital viver; ao contrário, só terá vitupérios que epitomatizem seu nauseabundo viver de lupus homini, crustáceo da história, marchador a contrapelo dos flumíneos vagares das convulsões transformadoras.
Tema da fulgurífera é diegese o vibrante e fibroso triângulo amóreo, no qual a catita rapariga sertaneja vê-se disputada, como se em medieva liça fosse, pelo rústico cultivador da enxada e pelo fero possuidor de colubrinas e bacamartes, tudo numa linguagem em que reverberam os ardores de Dante ao lado de rubiáceas frases de uma cepa cunho-euclidiana.
Eia, sus, pois! Embrenhe-se o leitor sem recalcitros de alma nas correntes ínclitas deste texto exemplórico em seu divagar íngreme e preciso!
Esta é uma história que se passa no “sertão adusto e delirante, reino do tinhoso e do urubu”. Sua linguagem tem algo de adusta e delirante: é uma viagem no espaço e no tempo, e também nos vários registros linguísticos de nosso país, em particular do seu mundo rústico e sertanejo. Competente glossário explica tudo ao fim; porém, a melhor experiência será deixar-se levar pela música áspera e dissonante das palavras reunidas num fraseado melódico ao mesmo tempo fluido e truncado. Como, de resto, é a vida no sertão.
Três são as vidas que protagonizam essa melodia exasperada, enovelando-se umas nas outras: o caboclo esperançoso num amor distante, o renegado que também almeja um amor para si e a moça desejada e desejosa, que gostaria de viver num mundo onde o amor-próprio fosse possível. Acompanha esse triângulo o “baixo contínuo” do curandeiro ao mesmo tempo crente em seus poderes e esperto, apto para a sobrevivência nesse sertão em que, se a paisagem é violenta, mais violentas são as relações sociais e de compadrio.
Ao final, se o leitor quiser, poderá comparar texto e glossário. Mas primeiro se deixe envolver pela prosa original e segura de Luiz Bernardo Pericás.

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Aqui não há lérias: o histrião folgado não encontrará resfolgo, nem o chichisbéu chibante achará raw material para suas chalaças, menos ainda para epítetos onde florisbele apenas a vanitas vanitatum do espírito.
Também o coleante burguês não desfrutará de firulas e encômios que façam a apologia de seu parasital viver; ao contrário, só terá vitupérios que epitomatizem seu nauseabundo viver de lupus homini, crustáceo da história, marchador a contrapelo dos flumíneos vagares das convulsões transformadoras.
Tema da fulgurífera é diegese o vibrante e fibroso triângulo amóreo, no qual a catita rapariga sertaneja vê-se disputada, como se em medieva liça fosse, pelo rústico cultivador da enxada e pelo fero possuidor de colubrinas e bacamartes, tudo numa linguagem em que reverberam os ardores de Dante ao lado de rubiáceas frases de uma cepa cunho-euclidiana.
Eia, sus, pois! Embrenhe-se o leitor sem recalcitros de alma nas correntes ínclitas deste texto exemplórico em seu divagar íngreme e preciso!
Esta é uma história que se passa no “sertão adusto e delirante, reino do tinhoso e do urubu”. Sua linguagem tem algo de adusta e delirante: é uma viagem no espaço e no tempo, e também nos vários registros linguísticos de nosso país, em particular do seu mundo rústico e sertanejo. Competente glossário explica tudo ao fim; porém, a melhor experiência será deixar-se levar pela música áspera e dissonante das palavras reunidas num fraseado melódico ao mesmo tempo fluido e truncado. Como, de resto, é a vida no sertão.
Três são as vidas que protagonizam essa melodia exasperada, enovelando-se umas nas outras: o caboclo esperançoso num amor distante, o renegado que também almeja um amor para si e a moça desejada e desejosa, que gostaria de viver num mundo onde o amor-próprio fosse possível. Acompanha esse triângulo o “baixo contínuo” do curandeiro ao mesmo tempo crente em seus poderes e esperto, apto para a sobrevivência nesse sertão em que, se a paisagem é violenta, mais violentas são as relações sociais e de compadrio.
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