
Com Inteligência Retórica: O Logos, o grupo ERA (Estudos Retóricos e Argumentativos), sediado na PUC- SP e liderado pelo doutor Luiz Antonio Ferreira, cumpre uma importante etapa na consolidação dos estudos retóricos contemporâneos no Brasil. Traz aos leitores um estudo específico sobre o logos, prova retórica que vem completar a trilogia a que os pesquisadores se propuseram investigar ao longo de três anos.
As duas obras anteriores, Inteligência Retórica: O Ethos (2019) e Inteligência Retórica: O Pathos (2020), tornaram-se referências e leituras necessárias a quem estuda o assunto e aos curiosos pelo campo da Retórica.
Abordar o logos não é tarefa simples, uma vez que o termo tem sentido amplo. Caracterizado muitas vezes como razão, raciocínio lógico ou discurso em si, ele é visto não só como o que agencia a relação entre o discurso racional e o mundo (como destaca Heráclito), mas também como prova de persuasão, centrada no discurso, “pelo que este demonstra ou parece demonstrar” (segundo Aristóteles).
Trata-se, portanto, do discurso fundamentado na racionalidade, visto em contraposição ao ethos (referente ao caráter do orador ou confiança que ele inspira) e ao pathos (relativo aos afetos e ao auditório).
Persuadir pelo discurso, que se faz pela prova do logos, como nos ensina Aristóteles, exige empenho. Primeiro porque é preciso observar de onde provêm as provas, de que forma o ato retórico se fundamenta na doxa e o modo pelo qual molda os raciocínios, as premissas, as estratégias argumentativas por meio da linguagem. Segundo porque há uma gama de instrumentos linguísticos a que os oradores podem recorrer para sustentar um ponto de vista e introjetar verdades, caso dos argumentos propriamente ditos, das figuras e dos lugares retóricos, das falácias e das escolhas lexicais. Terceiro porque é importante atentar para a forma de se expressar (clareza, correção, adequação do estilo ao assunto tratado, expressão apropriada a cada gênero, organização do discurso).
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