
Com quantas palavras se arranca uma lágrima ou o sorriso de um leitor? Com poucas, muito poucas. É o que demonstra o escritor Luís Pimentel em seus contos curtos, enxutos e certeiros como uma flecha apontada para o coração.
Nem uma palavra a mais ou a menos.
Experimente acrescentar algum ingrediente a essa mistura perfeita e verá que a coisa desanda, transborda, passa do ponto. Como as boas receitas, para ser bom tem que ser simples, rápido, sem excesso de gordura.
Mas também precisa ter sabor. Um gosto agridoce, que fica entre o amargo e o levemente açucarado. Estas histórias que você vai ler em Cabelos Molhados têm um jeito assim. São como provar um doce que lembra a infância. Ou aquele bolinho de chuva, salpicado de canela, que recorda uma tarde muito especial. Ou ainda aquele doce de abóbora, tão gostoso, que só era feito na casa de um parente, na cidade onde nasceu, e para a qual não se volta há muito tempo, a não ser em pensamento.
De onde vêm as histórias que este escritor inventa? Será que ele viveu tudo isso? Não sei dizer. Assim como também não sei explicar por que elas mexem comigo como se fizessem parte da minha vida. Provavelmente você, leitor, terá a mesma sensação.
Há histórias tristes, como a narrada no conto A Viagem, no qual um pai se despede do filho, que vai tentar a sorte em outro lugar, e 24 horas depois recebe notícias suas. Engraçadas, como Conversa De Homem Para Homem, discussão absurda em torno do boletim com péssimas notas de um filho preguiçoso, mas esperto. E intrigantes, como Cabelos Molhados, que dá nome ao livro, em que só no final se sabe quem é vítima e quem é bandido.
O bom é que, com estes contos curtinhos, você vai beliscando e, quando viu, já provou tudo. Fica saciado de boas histórias. Mas ainda com gostinho de quero mais.

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