Carnalidade E Libertação

Luis Fernando De Carvalho Sousa - Carnalidade E Libertação: A Dimensão Erótica A Partir Da Filosofia Da libertação De Enrique Dussel
Enrique Dussel é, reconhecidamente, o filósofo mais eminente de um novo modo de conceber a Filosofia. A “Filosofia da Libertação” é um pensar que emerge desde a exterioridade do pensamento filosófico eurocêntrico.


Dussel está entre seus criadores e se constitui hoje na sua principal referência mundial. Trata-se de uma Filosofia, segundo Dussel, que se propõe a pensar “realidade” em lugar de “palavras” ; uma Filosofia que exige do sujeito do discurso filosófico uma “articulação orgânica consciente, real e decidida com o sujeito histórico” como “um modo de vida permanente, integrado à cotidianidade do filósofo”.
O “objeto” do qual o filósofo da libertação trata é, pois, sempre algo “material”, concreto, vivo, e não o comentário de textos filosóficos já elaborados. Dada a natureza “viva” do objeto deste modo de fazer Filosofia, exige da parte de seu praticante uma relação interna, “orgânica”, escreve Dussel apropriando-se de uma expressão de Antonio Gramsci.
O sujeito filosófico está ligado existencialmente àquilo sobre o que filosofa. Luis Fernando escreveu um livro de Filosofia sobre um tema a partir do universo categorial da Filosofia da Libertação. As questões das quais trata são concretas, dizem respeito à vida mesma das pessoas.
Trata-se de uma dimensão “material” cheia de tensões: a corporalidade, mais precisamente, a carnalidade, do face-a-face humano definido por Dussel como “erótico”. A investigação dessa dimensão humana é, a meu ver, a mais complexa do pensamento filosófico dusseliano.
Este tema é complexo por mais de um motivo na obra de Dussel. Antes de tudo, porque Dussel considerou em sua obra a erótica como a relação definida pelo par masculino-feminino.
A contemporaneidade se defronta, porém, com um novo entendimento no qual a relação erótica envolve pares não definidos, necessária e unicamente, pela determinação biológica de masculino e feminino.
Este novo quadro “material” da relação erótica recebeu uma atenção muito incipiente da parte de Dussel, mas que não por isso Luís Fernando se furta a debater em seu livro com muita propriedade. Luís Fernando enfrenta o desafio de pensar esta nova realidade erótica com as categorias dusselianas, mas indo além do que o filósofo argentino elaborou conceitualmente em suas obras sobre este tema.
O livro Carnalidade E Libertação constitui-se, assim, num avanço qualitativo na reflexão filosófica sobre o tema da erótica na medida em que não apenas comenta o texto de Dussel, mas o próprio Luís Fernando se encarrega de pensar questões deixadas na sombra (ou tratadas de forma incipiente) pelo filósofo argentino, ainda que o faça a partir do instrumental teórico deste.

 

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Luis Fernando De Carvalho Sousa – Carnalidade E Libertação: A Dimensão Erótica A Partir Da Filosofia Da libertação De Enrique Dussel

Enrique Dussel é, reconhecidamente, o filósofo mais eminente de um novo modo de conceber a Filosofia. A “Filosofia da Libertação” é um pensar que emerge desde a exterioridade do pensamento filosófico eurocêntrico.
Dussel está entre seus criadores e se constitui hoje na sua principal referência mundial. Trata-se de uma Filosofia, segundo Dussel, que se propõe a pensar “realidade” em lugar de “palavras” ; uma Filosofia que exige do sujeito do discurso filosófico uma “articulação orgânica consciente, real e decidida com o sujeito histórico” como “um modo de vida permanente, integrado à cotidianidade do filósofo”.
O “objeto” do qual o filósofo da libertação trata é, pois, sempre algo “material”, concreto, vivo, e não o comentário de textos filosóficos já elaborados. Dada a natureza “viva” do objeto deste modo de fazer Filosofia, exige da parte de seu praticante uma relação interna, “orgânica”, escreve Dussel apropriando-se de uma expressão de Antonio Gramsci.
O sujeito filosófico está ligado existencialmente àquilo sobre o que filosofa. Luis Fernando escreveu um livro de Filosofia sobre um tema a partir do universo categorial da Filosofia da Libertação. As questões das quais trata são concretas, dizem respeito à vida mesma das pessoas.
Trata-se de uma dimensão “material” cheia de tensões: a corporalidade, mais precisamente, a carnalidade, do face-a-face humano definido por Dussel como “erótico”. A investigação dessa dimensão humana é, a meu ver, a mais complexa do pensamento filosófico dusseliano.
Este tema é complexo por mais de um motivo na obra de Dussel. Antes de tudo, porque Dussel considerou em sua obra a erótica como a relação definida pelo par masculino-feminino.
A contemporaneidade se defronta, porém, com um novo entendimento no qual a relação erótica envolve pares não definidos, necessária e unicamente, pela determinação biológica de masculino e feminino.
Este novo quadro “material” da relação erótica recebeu uma atenção muito incipiente da parte de Dussel, mas que não por isso Luís Fernando se furta a debater em seu livro com muita propriedade. Luís Fernando enfrenta o desafio de pensar esta nova realidade erótica com as categorias dusselianas, mas indo além do que o filósofo argentino elaborou conceitualmente em suas obras sobre este tema.
O livro Carnalidade E Libertação constitui-se, assim, num avanço qualitativo na reflexão filosófica sobre o tema da erótica na medida em que não apenas comenta o texto de Dussel, mas o próprio Luís Fernando se encarrega de pensar questões deixadas na sombra (ou tratadas de forma incipiente) pelo filósofo argentino, ainda que o faça a partir do instrumental teórico deste.

 

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