O Conceito De Sujeito

Luciano Elia - O Conceito De Sujeito

Como falar do sujeito do inconsciente sem cair nas armadilhas da simplificação banalizadora?

O Conceito De Sujeito trata o tema com a reverência que lhe é devida

- única proteção contra a perigosa ingenuidade de se supor que uma noção de fato fundamental possa ser inteiramente dominada, mesmo pelo mais veterano dos estudiosos.

O saber em psicanálise é atravessado, de ponta a ponta, pelo inconsciente, o que traz muitas consequências, entre as quais destacamos aquela que concerne exatamente ao campo do saber e de sua transmissão, no qual se situa, imediatamente, a escrita de um livro científico.

Este deve, assim, portar as marcas do campo específico de saber que se situa e por cujas características é atravessado — no caso, o campo do inconsciente.

O saber do inconsciente não é erudito. Nem por isso ele se confunde com o chamado senso comum, caso em que deixaria de ser inconsciente, já que estaria disponível, sem nenhum esforço, a qualquer um.

Aderir a um campo regido pelas leis do inconsciente exige, portanto, a adesão a duas proposições de sentidos aparentemente opostos: “o saber marcado pelo inconsciente não é erudito, não é de especialista, não é sequer culto: é um saber leigo”; e: “o saber marcado pelo inconsciente não é imediatamente acessível ao leigo, e, pelo fato de não ser erudito, não se confunde com o senso comum”.

Não é por acaso que Freud escreveu a psicanálise inteira sem recorrer a uma língua erudita, de especialista, que só poderia ser ouvida, lida e compreendida por iniciados, “alfabetizados” nessa língua.

O que Freud produziu, o discurso psicanalítico, traz um senso (bastante) incomum — não é, definitivamente, o senso comum —, mas é escrito com o verbo comum. Os “conceitos” de Freud são forjados com a língua corrente, em seu caso, o alemão.

Isto não é apenas uma questão de estilo. Que Freud tinha um belíssimo estilo, não resta a menor dúvida, e por isso ganhou em 1930 um prêmio concedido a autores de obras científicas, o prêmio Goethe, por seu livro Mal-Estar Na Civilização.

E sua escrita não é como é apenas por questões de estilo, mas por imposições que são feitas pelo inconsciente, ou seja, por sua relação com o inconsciente: a estrutura de linguagem do inconsciente impõe a todo aquele que se engaja em suas vias uma exigência, que decorre do fato de que o saber do inconsciente não se escreve com linguagem douta, mas corrente.

   

 

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Luciano Elia – O Conceito De Sujeito

Como falar do sujeito do inconsciente sem cair nas armadilhas da simplificação banalizadora?

O Conceito De Sujeito trata o tema com a reverência que lhe é devida – única proteção contra a perigosa ingenuidade de se supor que uma noção de fato fundamental possa ser inteiramente dominada, mesmo pelo mais veterano dos estudiosos.

O saber em psicanálise é atravessado, de ponta a ponta, pelo inconsciente, o que traz muitas consequências, entre as quais destacamos aquela que concerne exatamente ao campo do saber e de sua transmissão, no qual se situa, imediatamente, a escrita de um livro científico.

Este deve, assim, portar as marcas do campo específico de saber que se situa e por cujas características é atravessado — no caso, o campo do inconsciente.

O saber do inconsciente não é erudito. Nem por isso ele se confunde com o chamado senso comum, caso em que deixaria de ser inconsciente, já que estaria disponível, sem nenhum esforço, a qualquer um.

Aderir a um campo regido pelas leis do inconsciente exige, portanto, a adesão a duas proposições de sentidos aparentemente opostos: “o saber marcado pelo inconsciente não é erudito, não é de especialista, não é sequer culto: é um saber leigo”; e: “o saber marcado pelo inconsciente não é imediatamente acessível ao leigo, e, pelo fato de não ser erudito, não se confunde com o senso comum”.

Não é por acaso que Freud escreveu a psicanálise inteira sem recorrer a uma língua erudita, de especialista, que só poderia ser ouvida, lida e compreendida por iniciados, “alfabetizados” nessa língua.

O que Freud produziu, o discurso psicanalítico, traz um senso (bastante) incomum — não é, definitivamente, o senso comum —, mas é escrito com o verbo comum. Os “conceitos” de Freud são forjados com a língua corrente, em seu caso, o alemão.

Isto não é apenas uma questão de estilo. Que Freud tinha um belíssimo estilo, não resta a menor dúvida, e por isso ganhou em 1930 um prêmio concedido a autores de obras científicas, o prêmio Goethe, por seu livro Mal-Estar Na Civilização.

E sua escrita não é como é apenas por questões de estilo, mas por imposições que são feitas pelo inconsciente, ou seja, por sua relação com o inconsciente: a estrutura de linguagem do inconsciente impõe a todo aquele que se engaja em suas vias uma exigência, que decorre do fato de que o saber do inconsciente não se escreve com linguagem douta, mas corrente.

   

 

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