
José Carlos Mariátegui (1894-1930) é um dos mais importantes intelectuais marxistas e militantes comunistas na América Latina. Ele levou o marxismo a um profundo e desafiador diálogo com as condições concretas da vida social da América Latina – especificamente andina; e ele desenvolveu fundamentos éticos para o crescimento da política comunista. Esse volume, produzido por seis editoras em seis diferentes línguas, reúne três textos de Mariátegui juntamente com um ensaio de Florestan Fernandes e um prefácio preparado pelo coletivo da Escola José Carlos Mariátegui, na Argentina.
Este livro é uma homenagem a José Carlos Mariátegui no aniversário de seu nascimento. Amauta, que perdeu a vida com apenas 35 anos, deixou um legado teórico e político inescapável para os projetos emancipatórios de Nossa América e mundiais. Esse pequeno gesto para um grande revolucionário não busca ser uma memória melancólica, mas uma recuperação da vitalidade do ser e do fazer de Mariátegui, porque quando se trata de traçar uma práxis com capacidade de influenciar a realidade, é necessário fazer uso de todas as ferramentas práticas e teóricas fornecidas por nosso povo e por nossos intelectuais orgânicos.
A produção intelectual de Mariátegui é filha fiel de seu tempo, mas seu pensamento transcende os escassos anos de sua vida, percorrendo as fronteiras do tempo para sussurrar àqueles que quiserem ouvir chaves para a interpretação/transformação da realidade. A título de apresentação, queremos destacar cinco grandes legados – entre muitos outros – deixados por Mariátegui que permanecem totalmente válidos, apesar de terem sido escritos há 100 anos.
O internacionalismo de Mariátegui se conjuga com a necessidade imperante de entender os processos nacionais. Sua colaboração jornalística na revista Mundial faz parte desse legado, escrevendo assiduamente a seção Peruanicemos al Perú. A generalização da forma do Estado como modo de organização e dominação social o obriga a compreender os processos nacionais para uma intervenção política acertada e, nesse sentido, ele rejeita inúmeras propostas da III Internacional que propõem a mesma forma de intervenção política nas diversas realidades nacionais que integram a Internacional.
Os legados que listamos, bem como os artigos aqui compilados, são apenas um recorte arbitrário do prolífico trabalho do Amauta. Seu pensamento e sua prática permanecem enormemente vigentes e nos ensinam a desessencializar os processos políticos, colocando o foco na realidade em que vivemos, e a colocar nosso maior empenho organizacional e humano em levar uma vida heroica em busca de uma nova racionalidade socialista.
