O Brasil Dos Imigrantes

O Brasil Dos Imigrantes estuda a relação entre a cultura brasileira e a cultura dos imigrantes que para cá vieram entre o final do século XIX e início do XX, apontando o que os recém-chegados transformaram e o que assimilaram da cultura nacional.
Ao longo do século XIX toda a literatura sobre o Brasil, produzida pelos estrangeiros que nos visitaram, apresentou duas marcas: o encantamento com a natureza e o choque diante da escravidão. Os intelectuais brasileiros, por outro lado, estavam envolvidos na construção de uma identidade para o novo país.


A identidade do Brasil, desde meados do século XIX, é pensada como resultado da fusão das três raças formadoras da nacionalidade — o branco, o índio e o negro. A participação do negro, entretanto, apresentava problemas. Vindo e vivendo como escravo, considerado como inferior, o negro se integra à nação através da miscigenação, mas não encontra lugar na construção ideológica da identidade brasileira. Um lugar relevante é destacado para o índio apresentado na literatura romântica. O índio idealizado é reconhecido, ainda que o índio histórico já tenha sido quase dizimado.
A mestiçagem da população brasileira se coloca como um desafio, já que a ciência do final do século XIX considerava a mistura de raças um mal. A produção de seres híbridos — o pior de cada uma das raças — leva à crença de que o Brasil não terá lugar entre as nações civilizadas do mundo.
Para além do impasse de ter que lidar com uma população mestiça, foi construído um imaginário sobre o Brasil e os brasileiros que afirmava a capacidade plástica (de se moldar, se adaptar), a cordialidade (garantida pela proximidade, pela intimidade) e a democracia racial (pela miscigenação) como ingredientes capazes de garantir a formação de uma grande nação nos trópicos. A hegemonia desse processo obviamente caberia ao português branco, latino e católico.
Intelectuais brasileiros construtores da teoria do “branqueamento” no início do século XX — processo seletivo de miscigenação que dentro de três ou quatro gerações faria surgir uma população branca — viam a vinda de imigrantes brancos como um bem. O mestiço original poderia ser melhorado caso se introduzisse mais brancos à mistura original. A seleção de imigrantes obedeceu principalmente à demanda pelo branqueamento. A possibilidade de miscigenação e a disponibilidade à assimilação são variáveis fundamentais na definição de quais imigrantes são desejáveis. O imigrante, além de vir preencher uma demanda de braços para o trabalho, teria o papel de contribuir para o branqueamento da população, ao submergir na cultura brasileira por meio da assimilação.

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Ao longo do século XIX toda a literatura sobre o Brasil, produzida pelos estrangeiros que nos visitaram, apresentou duas marcas: o encantamento com a natureza e o choque diante da escravidão. Os intelectuais brasileiros, por outro lado, estavam envolvidos na construção de uma identidade para o novo país.
A identidade do Brasil, desde meados do século XIX, é pensada como resultado da fusão das três raças formadoras da nacionalidade — o branco, o índio e o negro. A participação do negro, entretanto, apresentava problemas. Vindo e vivendo como escravo, considerado como inferior, o negro se integra à nação através da miscigenação, mas não encontra lugar na construção ideológica da identidade brasileira. Um lugar relevante é destacado para o índio apresentado na literatura romântica. O índio idealizado é reconhecido, ainda que o índio histórico já tenha sido quase dizimado.
A mestiçagem da população brasileira se coloca como um desafio, já que a ciência do final do século XIX considerava a mistura de raças um mal. A produção de seres híbridos — o pior de cada uma das raças — leva à crença de que o Brasil não terá lugar entre as nações civilizadas do mundo.
Para além do impasse de ter que lidar com uma população mestiça, foi construído um imaginário sobre o Brasil e os brasileiros que afirmava a capacidade plástica (de se moldar, se adaptar), a cordialidade (garantida pela proximidade, pela intimidade) e a democracia racial (pela miscigenação) como ingredientes capazes de garantir a formação de uma grande nação nos trópicos. A hegemonia desse processo obviamente caberia ao português branco, latino e católico.
Intelectuais brasileiros construtores da teoria do “branqueamento” no início do século XX — processo seletivo de miscigenação que dentro de três ou quatro gerações faria surgir uma população branca — viam a vinda de imigrantes brancos como um bem. O mestiço original poderia ser melhorado caso se introduzisse mais brancos à mistura original. A seleção de imigrantes obedeceu principalmente à demanda pelo branqueamento. A possibilidade de miscigenação e a disponibilidade à assimilação são variáveis fundamentais na definição de quais imigrantes são desejáveis. O imigrante, além de vir preencher uma demanda de braços para o trabalho, teria o papel de contribuir para o branqueamento da população, ao submergir na cultura brasileira por meio da assimilação.

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