Pelas Águas Mestiças Da História

Pelas Águas Mestiças Da História realiza uma outra e inovadora travessia por questões históricas e políticas, sobretudo no que se refere à mestiçagem.

A obra Pelas Águas Mestiças Da História: Uma Leitura De 'O Outro Pé Da Sereia', De Mia Couto nasceu de uma dissertação de mestrado que tive o prazer e a honra de orientar no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal Fluminense. Passei, por isso mesmo, dois anos com Luana Antunes, sua autora, sempre em meio à alegria que dela emana e à ternura que tem para todos os seus amigos. Agradeço-lhe por isso e pelo convite para abrir seu primeiro livro.

Começo por dizer que o poema com que o ensaio se inaugura, uma quase “ode” à avó, testemunha o gesto de querer ver de dentro a outra terra, que chega primeiro à autora “embalada na voz rouca” da avó, D. Lúcia, a nós apresentada com seu “pilão” e sua “canção[…] de benzedeira menina”. O leitor, depois do poema, passará, então, pela magia cúmplice de Luana, em sua voz-memória, do vestíbulo do antes do texto, para a sala em que se realiza a festa da chegada do livro.

Pelas Águas Mestiças Da História, ao se propor a ler O outro pé da sereia, romance pelo qual Mia Couto encena inúmeras formas de travessia, realizando a autora uma outra e inovadora travessia por questões históricas e políticas, sobretudo no que se refere à mestiçagem, questões estas muitas vezes candentemente conflitantes no país de origem do autor.

Este, por sua vez, sempre fez e faz questão de reiterar o fato de que os africanos, mesmo antes da chegada dos europeus, já se haviam mestiçado profundamente, oferecendo, com isso, um mote para Luana escolher seu caminho de leitura.

Tendo como ponto de ancoragem teórica principal, para pensar a mestiçagem, a obra O pensamento mestiço de Serge Gruzinski, mas convocando, igualmente, Appiah; Williams; Fanon; Bhabha e várias outras vozes críticas de nosso tempo, Luana Antunes faz sua própria viagem que se mostra amorosamente cúmplice daquela proposta por Mia Couto em seu romance.

Tenta, nesse sentido, desvendar os palimpsestos do texto e as versões que o autor propõe da história de seu tempo e do outro tempo da história que recupera e pelo qual acaba por explicar, não apenas o presente narrativo, mas o seu presente. Assim, vemos que Mia Couto convoca o passado para assegurar a memória do futuro do próprio país a que pertence.

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Pelas Águas Mestiças Da História realiza uma outra e inovadora travessia por questões históricas e políticas, sobretudo no que se refere à mestiçagem.

A obra Pelas Águas Mestiças Da História: Uma Leitura De ‘O Outro Pé Da Sereia’, De Mia Couto nasceu de uma dissertação de mestrado que tive o prazer e a honra de orientar no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal Fluminense. Passei, por isso mesmo, dois anos com Luana Antunes, sua autora, sempre em meio à alegria que dela emana e à ternura que tem para todos os seus amigos. Agradeço-lhe por isso e pelo convite para abrir seu primeiro livro.

Começo por dizer que o poema com que o ensaio se inaugura, uma quase “ode” à avó, testemunha o gesto de querer ver de dentro a outra terra, que chega primeiro à autora “embalada na voz rouca” da avó, D. Lúcia, a nós apresentada com seu “pilão” e sua “canção[…] de benzedeira menina”. O leitor, depois do poema, passará, então, pela magia cúmplice de Luana, em sua voz-memória, do vestíbulo do antes do texto, para a sala em que se realiza a festa da chegada do livro.

Pelas Águas Mestiças Da História, ao se propor a ler O outro pé da sereia, romance pelo qual Mia Couto encena inúmeras formas de travessia, realizando a autora uma outra e inovadora travessia por questões históricas e políticas, sobretudo no que se refere à mestiçagem, questões estas muitas vezes candentemente conflitantes no país de origem do autor.

Este, por sua vez, sempre fez e faz questão de reiterar o fato de que os africanos, mesmo antes da chegada dos europeus, já se haviam mestiçado profundamente, oferecendo, com isso, um mote para Luana escolher seu caminho de leitura.

Tendo como ponto de ancoragem teórica principal, para pensar a mestiçagem, a obra O pensamento mestiço de Serge Gruzinski, mas convocando, igualmente, Appiah; Williams; Fanon; Bhabha e várias outras vozes críticas de nosso tempo, Luana Antunes faz sua própria viagem que se mostra amorosamente cúmplice daquela proposta por Mia Couto em seu romance.

Tenta, nesse sentido, desvendar os palimpsestos do texto e as versões que o autor propõe da história de seu tempo e do outro tempo da história que recupera e pelo qual acaba por explicar, não apenas o presente narrativo, mas o seu presente. Assim, vemos que Mia Couto convoca o passado para assegurar a memória do futuro do próprio país a que pertence.

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