Um vilarejo à margem do Sarthe, tão longe de Paris… Foi lá que passei minha infância. Às vezes, dávamos uma escapada durante as férias, para subir até a capital e visitar meus avós… Mal chegava ao anel do Périphérique, observava de longe as luzes da cidade, fascinantes. Atravessando a fronteira do “Périph”, penetrávamos em Paris. Éramos imediatamente sorvidos por um torvelinho de multidões apressadas, de cores berrantes, de neons ofuscantes. Lembro-me das placas verdes das farmácias, das “cenouras” vermelhas das tabacarias, lembro-me do cintilar das luzes que me deslumbravam. Era Natal em pleno verão! E eu entrava, deliciado, naquela selva que me amedrontava e me atraía.
Quando tinha quinze anos, vim morar em Paris, imbuído de uma paixão pela História. Paris, tão anônima, tão impessoal, tão desmesuradamente grande, pareceu-me então uma espécie de livro aberto…
Nessa cidade onde eu era um estrangeiro, onde não conhecia praticamente ninguém, meus primeiros companheiros foram os nomes das ruas. E descobri essas ruas com o metrô. É verdade. O metrô me fornecia as instruções necessárias para desvendar o formigueiro fervilhante, abissal, que se oferecia ao pequeno provinciano que eu era. Mergulhei naquele universo desconhecido com gula e sofreguidão… Percorri Paris em todos os sentidos, parei em cada estação, indaguei a mim mesmo… Por que os Inválidos? O que é Châtelet? Que República? Quem era Étienne Marcel? O que quer dizer Maubert? Definitivamente, as estações de metrô desembocaram na História.
O mapa do metrô nos revela a coluna vertebral de Paris, e podemos acompanhar o modo como a cidade foi construída partindo de uma ilhota no meio do Sena. Com efeito, cada estação, pela sua localização, pelo seu nome, evoca uma fatia do passado e do futuro, não só de Paris, mas da França. Da île de la Cité a Défense, o metrô é uma máquina do tempo; ao longo de suas estações, revivemos os séculos passados. Os 21 séculos que fizeram a cidade. Durante todo esse tempo, Paris acompanhou, às vezes precedeu, a emergência e as transformações da França para se tornar a capital que nós conhecemos.
Aprendi assim a história da França e a história de Paris. Paralelamente, comecei a fazer teatro, depois cinema. Percebi que ali também dispunha de uma máquina do tempo… Um após o outro, La Fontaine, Fouquet, Mozart, e, de certa forma, a História tornou-se meu trabalho, ou, pelo menos, posso fazer História com meu trabalho.
Próxima Estação, Paris: Uma Viagem Histórica Pelas Estações Do Metrô Parisiense
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