Poucas áreas do conhecimento histórico experimentaram, nos últimos cinquenta anos, avanços tão expressivos quanto as dedicadas à escravidão nas Américas e ao tráfico transatlântico de escravizados.
Embora prefiram “escravidão” a “escravidões”, a meia centena de ensaios concisos que Lilia Moritz Schwarcz e Flávio dos Santos Gomes reuniram neste volume, com título e intenção de ser um dicionário temático, mostra a grande quantidade de faces que compõem o que é um poliedro em movimento.
Cada um desses textos convida a novos textos, a novas pesquisas, a aprofundamentos, a novas comparações e a contestações. E, porque do que é bom sempre se quer mais, alguém cobrará ensaios sobre o escravo e o filho de escravo como soldado, e como marinheiro, e como músico, e como mestre de obras ou arquiteto, e como escultor, e como joalheiro, e como pintor.
E outros sobre as vestes das negras e dos negros, escravizados ou livres, e sobre os turbantes, as blusas rendadas e as saias amplas das baianas. E sobre os seres míticos que, como o curupira e o saci, possivelmente atravessaram o oceano. E sobre mezinhas, emplastros, rezas e ervas para curar doenças, endireitar quebrados e fechar feridas.
E sobre os fornos nos quais os escravos fundiram o ferro no Brasil. E não deixará de haver quem tenha a vontade de mudar de lado e, em vez de leitor, se imagine autor de um ensaio sobre os dias seguintes à abolição, tendo por ponto de partida aquele belo conto de Coelho Neto, “Banzo”, escrito antes de 1913, no qual um velho ex-escravo, expulso da fazenda para a mendicância, vê os colonos brancos ocuparem as terras que ele ajudou a desbravar.
Não faltam em Dicionário Da Escravidão E Liberdade parágrafos sobre a espera, a busca e a obtenção da liberdade. Sobre a liberdade como antônimo de escravidão, mas que com ela coexiste para a ela se opor. Se estes ensaios nos dizem que o passado é sem esperança de conserto, eles não nos deixam esquecer que não há sombra sem luz.
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