Este livro surgiu da compreensão da necessidade de registrar os resultados obtidos na Pesquisa Informalidade e Periferia no Brasil Contemporâneo, realizada pela Fundação Perseu Abramo, em 2018, e de ampliar o debate e os/as debatedores/as do tema, a partir de novas questões trazidas pela pesquisa.
Tratar de informalidade em um país no qual, historicamente, essa é uma das marcas do mercado de trabalho não seria exatamente uma novidade, senão pela opção em pesquisar diferentes categorias, em nível nacional, a partir da própria fala dos trabalhadores e trabalhadoras, e só então procurar questões que pudessem ser compartilhadas por todos e todas nessa condição.
A opção pela base de pesquisa qualitativa, com entrevistas de profundidade com os/as trabalhadores/as mostrou-se muito interessante e complexa na interpretação de seus resultados, como vocês poderão ler.
O livro está organizado em duas partes: a primeira faz um relato sobre a Pesquisa, trazendo suas motivações, objetivos, resultados e apontamentos; e a segunda parte apresenta artigos de autores/as parceiros/as que tratam de temas cujos resultados da pesquisa apontam como importantes para serem aprofundados.
A Parte I do livro é, portanto, composta pelo relatório da pesquisa, por seu manual, pela apresentação das hipóteses, resultados específicos e comentários, e reflexões a aprofundar.
Na Parte II, temos os artigos de Tatiane Godoy, sobre a territorialidade do trabalho informal a partir da análise aprofundada dos dados da pesquisa especificamente com ambulantes do Rio de Janeiro, São Paulo e São Carlos; Rita Maria Pinheiro, refletindo sobre o impacto do patriarcado na trajetória de vida das trabalhadoras domésticas informais; Bruno Mota Braga e Roberto Véras de Oliveira, analisando as dinâmicas sociais da informalidade no Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco, sua persistência e suas metamorfoses; Cida Sanches, com um estudo sobre as mulheres, informalidade e o trabalho na construção civil no Brasil; Ludmila Abílio, tratando sobre a “uberização” e a gestão da sobrevivência, a partir da análise aprofundada dos dados da pesquisa com manicures e motoboys; Felipe Rangel, que reflete sobre a importância analítica de se considerar, efetivamente, a informalidade como fenômeno multiforme e constituído por experiências radicalmente distintas; e ainda, João Carlos Nogueira e Jacques Mick, sobre racismo e trabalho informal no Brasil; Beatriz Pereira dos Santos e Ramón Chaves refletem sobre as diversas dimensões da experiência social que atravessam a vida dos trabalhadores informais das periferias e impactam em suas possibilidades política-organizativas; e, ainda, Ana Márcia Almeida debate sobre os/as trabalhadores/as informais e suas expectativas e críticas sobre o trabalho formal.