Desde a década de 90 do século XX e especialmente a primeira quinzena do século XXI estamos em meio a um profícuo campo em construção, tanto para a Formação de Professores quanto para as relações de Gênero e Sexualidades. Dois campos que emergiram com força no esforço de problematizar a vida cotidiana, as instituições, os sentimentos e os sujeitos.

As pesquisas que se debruçam em entender essa inter-relação têm se intensificado, especialmente, com as diretrizes curriculares nos cursos de formação docente modificadas no início dos anos 2000 e com as políticas educacionais do Estado como o Programa Brasil sem Homofobia e os cursos de formação de professoras/es nas questões de gênero, raça e sexualidade e de direitos humanos financiados por programas vinculados ao MEC.

Tecer E Entretecer A Vida se arrisca em trazer artigos que se enveredam pelo campo dos estudos pós-críticos, intencionados, portanto, em desmontar alguns discursos hegemônicos e universalizantes, sobre a formação docente e as questões de gênero e sexualidade.

Os textos se aventuram em narrar sobre as contradições, tensões, instabilidades, imprevisibilidades que circulam nesse campo de pesquisa em articulação com outros, sem pretender dar explicações ou mesmo respostas seguras e definitivas, mas fomentar mais os debates, pluralizar as dúvidas e incertezas e instigar novos percursos.

Tecer E Entretecer A Vida também se dispõe em partilhar experiências produzidas em contextos singulares de formação docente que investiram em propostas ousadas, incertas e também provisórias, nas quais as questões de corpos, gênero e sexualidades foram desestabilizadas com o intuito de desafiar as normas regulatórias, questionar as marcas produzidas nos corpos, fomentar os trânsitos, os escapes, as fugas e problematizar a condição de abjeto a qual muitas pessoas são submetidas. São experiências que deram vazão as sensações, aos desejos e as rebeldias suscitando outras maneiras de pensar e viver os corpos, os gêneros e as sexualidades.