Entre os meses de abril e setembro de 1912, desembarcaram na capital do Rio Grande do Sul 13 especialistas estrangeiros, nas áreas da agricultura e da pecuária, para trabalhar como professores na Escola de Engenharia de Porto Alegre. Vindos dos Estados Unidos, da Alemanha e Itália, esses profissionais, à medida que engrossavam a lista dos professores estrangeiros, que compunham o quadro de docentes da referida Escola, criada em 1896, também ampliavam as estatísticas sobre as diferentes formas de inserção e de participação de imigrantes, no território sulino.
Diversas eram as profissões exercidas pelos novos contratados: agrônomos, químicos, médicos veterinários, botânicos e zootécnicos. Entre os italianos que aqui chegaram, destaca-se a presença do enólogo-viticultor Celeste Gobbato (1890-1958), protagonista desta biografia.
Toda pesquisa histórica – e particularmente a de cunho biográfico – envolve algum grau de relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Quero então contar brevemente um pouco da minha relação com o personagem central deste estudo, mesmo correndo o risco de cair na chamada ilusão biográfica, ou seja, estabelecer uma vinculação muito estreita, linear e unidirecional entre o meu passado e a investigação que aqui apresento.
Deparei-me com o nome de Gobbato pela primeira vez, quando eu tinha uns dez anos de idade. Havia cinco anos que deixara Caxias do Sul para viver em Porto Alegre, no final da década de 60, do século XX. Naquela época, morava no Bairro Cidade Baixa e frequentava uma de suas escolas públicas, e a rua que servia de lugar para os encontros da “gurizada” levava – e leva até hoje – o nome do protagonista desta história. Ir até “a Celeste” era sinônimo de muita diversão naqueles dias quentes do verão porto-alegrense. Na Celeste Gobbato podia-se contemplar o grande lago Guaíba e desfrutar a brisa que atenuava os efeitos dos esforços empreendidos em brincadeiras que, hoje, já não fazem mais parte do cotidiano de boa parte das crianças. Na Celeste Gobbato vivi boa parte da minha infância e adolescência e lembro com graça de quando ríamos por não entender como um homem podia se chamar Celeste, que para nós, crianças desinformadas quanto às particularidades da cultura italiana, era nome de mulher. Hoje, na placa que identifica o nome do logradouro, não há indicação alguma sobre quem foi esse personagem. A rua Celeste Gobbato é popularmente conhecida como “a rua do Fórum”.
Entre O Vinho E A Política: Uma Biografia De Celeste Gobbato (1890-1958)
- Biografia
- 13 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.