Os Fidalgos Da Casa Mourisca
conta a história dos “fidalgos de Vilar dos Corvos”, uma família abalada por várias tragédias que vive uma antiga mansão antiga localizada no Alto Minho, apelidada de “Casa Mourisca”.
A história daquela casa era a história sabida dos ricos fidalgos da província, que, orgulhosos e imprevidentes, deixaram, a pouco e pouco, embaraçar as propriedades com hipotecas e contratos ruinosos, desfalecer a cultura nos campos, empobrecer os celeiros, despovoar os currais, exaurir a seiva da terra, transformar longas várzeas em charnecas, e desmoronarem-se as paredes das residências e das granjas, e os muros de circunscrição das quintas.
Último romance de Júlio Dinis, publicado postumamente em 1871. Os Fidalgos Da Casa Mourisca foi escrito de como um romance de crónica de aldeia, típico de Júlio Dinis, mostrando uma sociedade em mudança: de um lado, um velho solar quase desabitado, propriedade de uma aristocracia em decadência, representado por D. Luís, o dono da “Casa Mourisca”, do outro, uma nova burguesia rural, representada por Tomé da Póvoa, um antigo empregado de D. Luís que enriquecera.
A obra afirma o valor do trabalho como fonte de riqueza e felicidade, propondo como receita para a regeneração social, a fusão das qualidades positivas da aristocracia com as da burguesia que estava então em ascensão.
Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1839 – 1871) mais conhecido por Júlio Dinis, o seu pseudónimo. Licenciou-se em Medicina, mas dedicou-se sobretudo à literatura. Escreveu poesias, peças de teatro e textos de teorização literária, mas destacou-se sobretudo como romancista, deixando em pouco mais de trinta e dois anos de vida uma produção original e inovadora. Foi o criador do romance campesino e criou as suas personagens com base em pessoas com quem conviveu ou contactou na vida real. Quando à forma é considerado como um escritor de transição, situado entre o fim do Romantismo e o início do Realismo.