O Massacre De Curuguaty

O Massacre De Curuguaty: Golpe Sicário No Paraguai, do escritor paraguaio Julio Benegas, reconstrói o massacre a partir do relato dos sobreviventes.

Em 11 de julho de 2016, o Tribunal de Sentença do Paraguai condenou, sem provas suficientes, onze camponeses acusados pelas mortes de policiais no que ficou conhecido como Massacre de Curuguaty.

O episódio aconteceu em 15 de junho de 2012 durante uma ação de despejo nas terras Marina Kue. Na ação, um contingente de 324 policiais fortemente armados com fuzis, escudos, bombas de gás lacrimogêneo, cavalos e helicóptero, e cerca de 60 camponeses – metade deles mulheres, crianças e idosos.

O massacre deixou um triste saldo de 17 pessoas assassinadas (11 camponeses e seis policiais). O triste episódio foi usado pela direita paraguaia para destituir uma semana depois, o então presidente da República eleito, Fernando Lugo, por meio de um golpe parlamentar. O vice, Federico Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), assumiu a presidência.

A operação de guerra envolveu não somente um grande contingente militar, mas também etapas posteriores – a prisão dos camponeses, torturas, dificuldades de investigação por órgãos competentes, divulgação manipulada –, de modo a revelar um plano maior, depois revelado com a derrubada de Lugo.

Desde o massacre de Curuguaty, no Paraguai avançou um plano de acumulação acelerado, sem medidas razoáveis de interesse público. Segundo levantamento de organizações ligadas à luta no campo, a produção de grãos transgênicos cobre 3,25 milhões de hectares na Região Oriental.

No primeiro ano após o golpe, houve um desflorestamento de 14 mil hectares. Dos 11 milhões de hectares de bosque durante os anos 1950, restaram apenas 1 milhão, a metade nas reservas.

O ingresso das sementes transgênicas em 1999, com habilitação legal em 2000, acelerou o desmatamento e a concentração de terra em poucas mãos.

O massacre de Curuguaty no Paraguai tem semelhanças com casos no Brasil, em Eldorado dos Carajás (PA, 1996), Corumbiara (RO, 1995), Felisburgo (MG, 2004).

A disputa desigual entre o capital e os trabalhadores do campo envolvendo a questão da terra, independente de fronteira, vitimaram muitos lutadores, como Chico Mendes (AC, 1988), irmã Dorothy Stang (PA, 2005), os castanheiros de Nova Ipixuna (PA, 2010), os índios Yanomami (RO) e os Kaiowaa (MS), para destacar alguns. A luta é antiga e de longa duração!

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O Massacre De Curuguaty: Golpe Sicário No Paraguai, do escritor paraguaio Julio Benegas, reconstrói o massacre a partir do relato dos sobreviventes.

Em 11 de julho de 2016, o Tribunal de Sentença do Paraguai condenou, sem provas suficientes, onze camponeses acusados pelas mortes de policiais no que ficou conhecido como Massacre de Curuguaty.

O episódio aconteceu em 15 de junho de 2012 durante uma ação de despejo nas terras Marina Kue. Na ação, um contingente de 324 policiais fortemente armados com fuzis, escudos, bombas de gás lacrimogêneo, cavalos e helicóptero, e cerca de 60 camponeses – metade deles mulheres, crianças e idosos.

O massacre deixou um triste saldo de 17 pessoas assassinadas (11 camponeses e seis policiais). O triste episódio foi usado pela direita paraguaia para destituir uma semana depois, o então presidente da República eleito, Fernando Lugo, por meio de um golpe parlamentar. O vice, Federico Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), assumiu a presidência.

A operação de guerra envolveu não somente um grande contingente militar, mas também etapas posteriores – a prisão dos camponeses, torturas, dificuldades de investigação por órgãos competentes, divulgação manipulada –, de modo a revelar um plano maior, depois revelado com a derrubada de Lugo.

Desde o massacre de Curuguaty, no Paraguai avançou um plano de acumulação acelerado, sem medidas razoáveis de interesse público. Segundo levantamento de organizações ligadas à luta no campo, a produção de grãos transgênicos cobre 3,25 milhões de hectares na Região Oriental.

No primeiro ano após o golpe, houve um desflorestamento de 14 mil hectares. Dos 11 milhões de hectares de bosque durante os anos 1950, restaram apenas 1 milhão, a metade nas reservas.

O ingresso das sementes transgênicas em 1999, com habilitação legal em 2000, acelerou o desmatamento e a concentração de terra em poucas mãos.

O massacre de Curuguaty no Paraguai tem semelhanças com casos no Brasil, em Eldorado dos Carajás (PA, 1996), Corumbiara (RO, 1995), Felisburgo (MG, 2004).

A disputa desigual entre o capital e os trabalhadores do campo envolvendo a questão da terra, independente de fronteira, vitimaram muitos lutadores, como Chico Mendes (AC, 1988), irmã Dorothy Stang (PA, 2005), os castanheiros de Nova Ipixuna (PA, 2010), os índios Yanomami (RO) e os Kaiowaa (MS), para destacar alguns. A luta é antiga e de longa duração!

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