
Em Prazer E Desejo Em Aristóteles, Juliana realiza um estudo sólido sobre o problema da educação do desejo em Aristóteles, que pode ser ilustrado com a seguinte pergunta: como é possível educar uma parte em nós que não é racional e que, portanto, não compreenderia as boas razões para buscar ou evitar algo?
Se o desejo se direciona naturalmente para o que é prazeroso ao invés de seguir a razão, como seria possível ensiná-lo, uma vez que ele não é capaz de racionar e compreender argumentos?
A autora divide sua investigação em duas partes: a primeira sobre a natureza do prazer, e a segunda sobre a relação do desejo com o prazer e a razão. Com isso, ela busca compreender como o desejo pode ser persuadido pela razão de modo a não se deixar conduzir apenas pelo que parece ser bom por ser prazeroso.
O desejo, ninguém sabe ao certo o que é, muito menos o que fazer com ele. Mas continuamos, desde a época dos gregos ou mesmo antes, nos esforçando para apreender algo de sua natureza, algum aspecto que seja; e, mais ainda, insistimos em vislumbrar o seu papel nas ações que nos conduzem ao bem-estar moral e psicológico, portanto, à felicidade.
Eis o objetivo de Prazer E Desejo Em Aristóteles: compreender como o desejo pode ser educado. Em termos gerais, a questão central pode ser formulada do seguinte modo: como o desejo pode ser educado e o que isto significa para o projeto aristotélico de educação moral?
Se o caráter é formado, segundo o filósofo, com a educação de nosso modo de desejar, então duas perguntas são fundamentais para iniciarmos esta investigação ora proposta.
Em primeiro lugar, se o desejo não é autônomo o suficiente de modo a nos orientar para a realização do bem viver (eudaimonia), mas é o princípio motor de nossas ações, certamente é necessário haver uma faculdade cognitiva capaz de educá-lo a desejar retamente.
Em segundo lugar, se a virtude moral, excelência da parte desiderativa da alma, é responsável pela produção do fim da ação e a virtude intelectual, a phronêsis, é responsável pela apreensão do que conduz ao fim, devemos examinar como exatamente se faz a constituição do fim.
Assim, a segunda pergunta que fazemos é a seguinte: como a virtude produz o fim? Há atuação de alguma faculdade cognitiva que não a deliberativa na constituição do fim ou ele é fruto apenas de uma disposição moral?
