
O Kalunga Tem História: Desafios Para O Ensino De Química Na Educação Quilombola retrata aspectos importantes da vida nos quilombos de Goiás. As situações vivenciadas por José e sua família podem, também, auxiliar o trabalho dos professores nas escolas quilombolas e despertar o interesse dos alunos por sua própria história.
O galo já havia cantado duas vezes, anunciando um novo dia. José levantou-se rapidamente e foi até o ribeirão. Antes de ir para a roça ajudar o pai, precisava encher várias latas com água para as atividades domésticas.
Enquanto esperava que a mãe coasse o café e fizesse a tapioca, ele organizou o material escolar e estudou um pouquinho. Deveria se esforçar para realizar o trabalho no campo até o horário do almoço, pois frequentava a escola no período vespertino.
Em 2015, quando o ensino médio começou a ser ofertado na Escola Estadual Calunga I – Extensão Maiadinha, ele retomou os estudos. Estava com 23 anos, sua turma era a primeira a concluir o segundo grau naquela escola.
José nascera ali, no Vão do Moleque, zona rural do município de Cavalcante, a nordeste do estado de Goiás. Cresceu ouvindo as histórias contadas pelos membros da comunidade Kalunga, grupo remanescente de quilombo.
Seus antepassados escolheram aquele lugar em busca de refúgio e, por muito tempo, permaneceram totalmente isolados. Era como se, naquele vale, os ponteiros da máquina do tempo tivessem parado.
Os primeiros raios de sol pincelavam o horizonte com diversas cores, quando ele e o pai iniciaram a difícil tarefa daquele dia. Precisavam capinar uma área do roçado e o feijão deveria ser colhido logo, pois o sustento da família dependia do que era cultivado naquele pequeno pedaço de terra.











