
Os processos comunicacionais são habitualmente “perguntados” a partir de angulações sociológicas, econômicas, linguísticas, políticas (entre outras) – direcionadas por premissas daqueles campos. Diversamente, nosso enfoque busca perguntas e ângulos de observação mais próximos de preocupações comunicacionais.
Temos a premissa de que todos os processos sociais se desenvolvem tentativamente – a partir de problemas, necessidades e interesses inerentes ao próprio fato de compartilharmos o mundo da natureza e dos humanos.
Diante das questões sociais encontramos, historicamente disponíveis, padrões de interação para enfrentá-las – em comum ou em disputa. Os padrões estabelecidos se oferecem na experiência acumulada, seja na cultura geral, no acervo do senso comum ou no âmbito dos campos especializados em que a questão se forma.
As regras pertinentes são então acionadas, assim como estratégias de ajuste à situação específica. Se a experiência acumulada não oferece respostas, os participantes envolvidos são levados a interagir tentativamente – para testar ou inventar soluções.
Na medida em que essa experimentação seja exitosa, sua lógica tende a ser reiterada em outras situações consideradas semelhantes, estabilizando, assim, os processos testados, como uma forma de invenção social.
Entendemos que também aqueles arranjos interacionais historicamente estabelecidos o terão sido por um processo idêntico. Inferimos, então, que um elemento importante na construção social são as estratégias interacionais, comunicacionalmente elaboradas para fazer coisas em comum (ou em disputa organizada) – que acabam gerando regras de comportamento, componentes da cultura e do senso comum.
Tais padrões se mantêm como experiência consolidada – e são incorporados como modo de agir enquanto pareçam adequados e eficazes para as necessidades sociais.
São modificados, reajustados ou substituídos sempre que, reformuladas as condições de contexto, se percebam menos eficazes. A esses conjuntos de padrões incorporados – comunicacionalmente produzidos – chamamos de matrizes interacionais. Nós as trataremos, neste livro, na forma de dispositivos interacionais ou de circuitos sociais.
