Este livro se insere na linha da Teoria Crítica em Estudos Organizacionais, mas especificamente na Economia Política do Poder. Trata-se de um estudo que retoma trabalhos e reflexões anteriores sobre formas de gestão nas organizações que não apenas aquelas largamente conhecidas na literatura administrativa e gerencial sobre este tema e que são referentes à heterogestão em suas diversas manifestações. À época, ou seja, na década de 1980, a discussão em torno da gestão participativa, das cooperativas, da co-gestão e da autogestão era praticamente re-introduzida nos meios acadêmicos e políticos brasileiros, seja do ponto de vista da discussão teórica, seja do ponto de vista da implantação destas outras formas de gestão nas unidades produtivas. Depois de um início bastante entusiasmado, o tema, aparentemente, sofreu, por parte da comunidade acadêmica e da prática política, um abandono, sugerindo que se tratava de um modismo na área de estudos organizacionais, como tantos outros. Nada mais falso.
Retomar este tema quase trinta anos depois pode parecer inoportuno ou intempestivo. Entretanto, o problema da gestão participativa ganhou uma tal dimensão que se torna necessário colocá-lo novamente de pé. Especialmente porque a mesma foi apropriada ainda mais largamente pelo sistema de capital na forma de estratégia de sua reprodução. Agora já não se trata mais de discutir apenas aquelas técnicas ou modelos de gestão participativa adotadas em organizações capitalistas, mas de enfrentar o problema de sua expansão para outras esferas das organizações coletivas de base. Em todos os cantos, em todos os lugares, formas alternativas de gestão confundem-se com formas capitalistas de organização e produção. Organizações ditas autogeridas são administradas com os mesmos procedimentos das organizações capitalistas tradicionais. Confunde-se propriedade coletiva do empreendimento com forma de gestão do mesmo.
Depois de decorrer três décadas dos primeiros ensaios sobre o tema no âmbito da Economia Política do Poder, é preciso reconhecer que obviamente muita coisa mudou. O sistema de capital se encontra integrado em um globalismo de largo alcance que penetra em todas as esferas da vida coletiva.
Gestão Participativa
- Administração, Ciências Sociais
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