João Pacheco De Oliveira – O Nascimento Do Brasil E Outros Ensaios: “Pacificação”, Regime Tutelar E Formação De Alteridades
Tratar os indígenas como protagonistas e agentes efetivos da construção do Brasil não é uma tarefa simples e suas repercussões ultrapassam largamente questões setorizadas e pontuais.
O pesquisador, como se mexesse num castelo de cartas, logo é levado a rever as mais frequentes e consagradas interpretações realizadas sobre eles, bem como as formas de constituição da memória e de uma história nacional.
Assim, é imprescindível que questione categorias e práticas derivadas de modelos jurídicos coloniais (ainda bem vivos), explicite pressupostos e crenças subjacentes (raramente conscientes), e busque superar limites disciplinares.
Muitas vezes, as consequências de suas ações não apenas não se restringem à temática indígena e aos objetos usualmente abordados pela etnologia e a etno-história, como também implicam o reexame crítico do passado e o reenquadramento comparativo de certos aspectos do mundo contemporâneo.
Embasado numa perspectiva etnográfica e dialógica, O Nascimento Do Brasil E Outros Ensaios se vale da antropologia histórica para tecer diálogos entre o mundo colonial e a contemporaneidade, poderes disciplinadores e modos de resistência e formação de alteridades, e as políticas públicas nacionais e a mundialização.
Em O Nascimento Do Brasil E Outros Ensaios, João Pacheco de Oliveira reúne nove textos elaborados nos últimos anos, originalmente publicados como artigos em coletâneas e periódicos ou apresentados em congressos e afins.
Organizados em formato de livro, discutem temas relacionados aos povos indígenas que, em alguma medida, representam a trajetória do autor e suas opções epistemológicas.
Professor titular de antropologia do Museu Nacional (UFRJ) desde 1997 e um dos mais influentes antropólogos de sua geração, João Pacheco começou seu percurso profissional realizando pesquisa de campo entre os Ticuna na tríplice fronteira (Brasil, Colômbia e Peru).
Dedicou-se também ao estudo de políticas públicas e, desde meados da década de 1990, vem desenvolvendo pesquisas sobre os povos indígenas do Nordeste. Lançado em 2016, o livro recebeu da ANPOCS em 2017 o prêmio de Melhor Obra Científica.
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