
Por flores e por floras, por faunos e por faunas, por vidas e por vias, flui Finnegans Wake, o romance e o rio, o romance-rio. E fluem recordações, estilhaçadas, entrelaçadas. Como os átomos epicúreos, os fragmentos joycianos caem em efêmeras e progressivas combinações.
Finnicius Revém é o último romance de James Joyce, publicado em 1939, e um dos grandes marcos da literatura experimental por ser escrito em uma linguagem composta pela fusão de outras palavras, em inglês e outras línguas, buscando uma multiplicidade de significados.
Sua tradução para qualquer língua é complicadíssima, e qualquer tentativa é um ato de ousadia desde a primeira palavra do romance.
A partir de um pequeno núcleo de personagens, o autor tenta contar a história do mundo e da literatura. Para isso, associa mitos e ícones antigos aos protagonistas do folclore e da história de seu país, a Irlanda.
No Brasil recebeu o título Finnicius Revém proposto pelos irmãos Campos, depois referendado por Donaldo Schüler.
Haroldo e Augusto de Campos publicaram Panaroma do Finnegans Wake. O livro dos irmãos Campos, publicado pela primeira vez em 1962, consiste na tradução de alguns poucos fragmentos do poema que revelassem “momentos mágicos”, na expressão de Augusto de Campos:
Donaldo Schüler traduziu o romance na íntegra que foi publicado em cinco volumes entre os anos de 1999 e 2004.
Ouvem-se em Finnicius Revém sonoridades do idioma que uniu o Ocidente, o latim do império romano:.ftnis (fim) aposto a again para anunciar a circularidade viconiana.
O componente latino induz os irmãos Campos à tradução Finnicius Revém. Ao passar pelo francês (rêve- sonho), o título traduzido sustenta a substância onírica do romance.
O tradutor romanceia na esteira do original. Oportuno é recordar, na composição do título, a expressão latina fines jluviorum, as desembocaduras dos rios. Podemos ignorar fin (fim), substantivo francês que rima com revém, vínculo sonoro de princípio e conclusão?
