Vozes Femininas Da Poesia Latino-Americana: Cecília E As Poetisas Uruguaias

É diante do quadro de desigualdade de status e poder gerado pela supremacia da cultura masculina que o movimento feminista, em linhas gerais, questionará a ordem estabelecida pela organização patriarcal, esse modelo único que nega a pluralidade representada pela voz feminina.

Nesse sentido, não é de se estranhar que as reivindicações do movimento, inicialmente, irão enfocar as questões igualitárias. Isto, por sua vez, produzirá uma situação de impasse, já que as mulheres, ao mesmo tempo em que tentam romper com a representação que limita seu espaço, têm que dar conta tanto da esfera pública como privada: "as mulheres descobrem que o acesso às funções masculinas não basta para assentar a igualdade e que a igualdade, compreendida como integração unilateral no mundo dos homens, não é a liberdade".
Esse mesmo embate proporcionará reflexões sobre o feminismo da diferença que serão latentes a partir da década de 1980: Redefinir o feminino é não ter mais um passado nostálgico, já repudiado, ao qual se referir, nem tampouco um modelo masculino ao qual aderir. Reconstruir o feminino é o destino do movimento das mulheres. [...] porque a verdadeira igualdade é a aceitação da diferença sem hierarquias.
Com base nessas questões que giram em torno da "diferença", a crítica feminista na América Latina irá enfatizar as particularidades das mulheres inseridas nesse contexto, atentando para a importância de olhar as especificidades existentes na produção de autoria feminina latino-americana, propondo, dessa forma, uma releitura das teorias vindas de outros países, em especial as discussões apresentadas pelas feministas francesas e anglo-americanas.
É nessa perspectiva de "dupla revisão" que esta pesquisa se circunscreve. Assim, por meio do ensaio "Expressão feminina da poesia na América", de Cecília Meireles, pretende-se mostrar a importância desse texto ceciliano no que se refere aos estudos feministas na América Latina, enfatizando o diálogo que se estabelece entre a autora brasileira e as poetisas hispano-americanas, mais especificamente as uruguaias. Cabe dizer que a escolha de realizar esse recorte a partir das escritoras do Uruguai fundamentou-se, a princípio, em um dado quantitativo presente no próprio ensaio, já que, das 28 autoras elencadas por Cecília, dez são uruguaias.

 

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É diante do quadro de desigualdade de status e poder gerado pela supremacia da cultura masculina que o movimento feminista, em linhas gerais, questionará a ordem estabelecida pela organização patriarcal, esse modelo único que nega a pluralidade representada pela voz feminina. Nesse sentido, não é de se estranhar que as reivindicações do movimento, inicialmente, irão enfocar as questões igualitárias. Isto, por sua vez, produzirá uma situação de impasse, já que as mulheres, ao mesmo tempo em que tentam romper com a representação que limita seu espaço, têm que dar conta tanto da esfera pública como privada: “as mulheres descobrem que o acesso às funções masculinas não basta para assentar a igualdade e que a igualdade, compreendida como integração unilateral no mundo dos homens, não é a liberdade”.
Esse mesmo embate proporcionará reflexões sobre o feminismo da diferença que serão latentes a partir da década de 1980: Redefinir o feminino é não ter mais um passado nostálgico, já repudiado, ao qual se referir, nem tampouco um modelo masculino ao qual aderir. Reconstruir o feminino é o destino do movimento das mulheres. […] porque a verdadeira igualdade é a aceitação da diferença sem hierarquias.
Com base nessas questões que giram em torno da “diferença”, a crítica feminista na América Latina irá enfatizar as particularidades das mulheres inseridas nesse contexto, atentando para a importância de olhar as especificidades existentes na produção de autoria feminina latino-americana, propondo, dessa forma, uma releitura das teorias vindas de outros países, em especial as discussões apresentadas pelas feministas francesas e anglo-americanas.
É nessa perspectiva de “dupla revisão” que esta pesquisa se circunscreve. Assim, por meio do ensaio “Expressão feminina da poesia na América”, de Cecília Meireles, pretende-se mostrar a importância desse texto ceciliano no que se refere aos estudos feministas na América Latina, enfatizando o diálogo que se estabelece entre a autora brasileira e as poetisas hispano-americanas, mais especificamente as uruguaias. Cabe dizer que a escolha de realizar esse recorte a partir das escritoras do Uruguai fundamentou-se, a princípio, em um dado quantitativo presente no próprio ensaio, já que, das 28 autoras elencadas por Cecília, dez são uruguaias.

 

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