A renovação da Igreja, durante o séc. XX, deveu-se, em grande parte a dois movimentos de envergadura internacional, surgidos, na realidade de então, nas periferias do nosso mundo católico, ou seja, na França, Alemanha e outros países transalpinos.
Naquela época a América Latina ainda não contava muito no mapa da Igreja. O Concílio Vaticano II, por sua vez, foi o grande marco histórico. Lá se fizeram presentes representantes desses dois grandes movimentos e fizeram ouvir suas vozes.
Lá também estavam presentes os representantes dos continentes “distantes”, como se dizia na época. Assim, a periferia da Igreja alargou-se de maneira impressionante e os dois movimentos citadas se alastraram por todos o orbe terrestre.
Ao longo do ano de 2017, em nossas celebrações dominicais, seremos guiados pelo evangelista Mateus. Ele escreveu seu evangelho pressionado por desafios que identificou em sua comunidade. Ele, com certeza, era um teólogo profundo, mas também com os dois pés bem no chão, para perceber o que estava causando riscos, quais eram as possibilidades e como a comunidade poderia encontrar um caminho para ser fiel ao anúncio do Evangelho.
Mateus encontra sua comunidade com um bom caminho já percorrido. Ao confrontarmos nossas comunidades com a comunidade de Mateus, percebemos que muitos desafios que nós atualmente enfrentamos, já eram igualmente desafios naqueles tempos iniciais do Cristianismo.
O mesmo vale para as perspectivas. Assim sendo, podemos espelhar nossa comunidade e nossa prática pastoral na comunidade de Mateus e sua prática. Ela pode ser uma luz reveladora para a nossa prática pastoral.
Na tradição cristã, o primeiro dos quatro evangelhos, que se encontram no Novo Testamento, era sempre atribuído ao publicano Mateus, um dos doze apóstolos (Mt 9,9; 10,4). Por muito tempo ninguém colocava isso em dúvida. Dizia-se também que este Mateus teria escrito seu evangelho primeiramente em aramaico. Estudos mais recentes, porém, colocam em dúvida toda essa tradição, pois constatou-se que grande parte deste evangelho não tem origem autônoma, mas foi copiada do evangelho de Marcos. Ora, um discípulo ocular e integrante do colégio dos doze apóstolos não teria necessidade a valer-se de Marcos para compor o seu próprio evangelho. Além disso, até hoje não foi encontrado um único fragmento ou resquício desse evangelho na sua suposta redação original em aramaico. Podemos concluir que não há como identificar o autor do evangelho de Mateus com o discípulo e apóstolo Mateus, também conhecido como Levi.