Palavras E Brados

O livro tem uma forte dose de estudo biográfico, centrado na trajetória de José do Patrocínio, um dos mais empenhados lutadores da causa abolicionista.

Ao analisarmos um determinado período histórico, procuramos, de uma forma ou de outra, assuntos que nos ajudem a entender mais claramente a nossa existência ou pelas quais tenhamos maior empatia, o que dinamiza a nossa pesquisa e a torna mais atraente. Essa tendência pode acarretar riscos para o historiador, pois ele estuda de acordo com seus valores o passado cujas repercussões se mantém vivas. Com isso, pode haver uma visão utilitária da História, que permite entender melhor o presente ou, até justificar o nosso ofício, fornecendo conhecimentos, mas também distraindo e seduzindo os leitores, seguindo Marc Bloch.

Da mesma forma, quando selecionamos os episódios que servirão de balizas para o nosso estudo, obedecemos a uma determinada postura teórico-metodológica. O tratamento que lhes dispensamos está de acordo com a orientação já previamente escolhida. Como Carr assinala, os fatos não falam por si, apenas quando o historiador os aborda, isto é, “é ele quem decide quais os fatos que vêm à cena e em que ordem ou contexto”.

Assim, direcionamos este trabalho em função das notícias sobre o cativeiro estampadas nos jornais de José do Patrocínio. Além dos parâmetros já citados, necessitávamos transformar relatos narrados pelo nosso “espectador”, naturalmente carregados de emoção, em textos que pusessem o leitor a par do que se passava na cidade do Rio de Janeiro, na última década da existência oficial do escravismo.

De uma maneira geral, os historiadores tinham certa prevenção às obras biográficas por causa de estudos tradicionais, que exaltam o biografado e não fazem qualquer análise crítica ou vínculo com o contexto social e o conjunto de ideias presentes naquele momento. No entanto, o panorama começou a mudar e as biografias passaram a ser mais valorizadas na medida em que permitem ao historiador desvelar como as iniciativas do homem interagem com as mudanças sociais e, em contrapartida, com sua própria trajetória.

Entendemos que a ação dos indivíduos contribui para as mudanças e que não podemos desvinculá-lo da sociedade na qual ele está inserido. Logo, nos estudos biográficos deve-se observar o contexto, a época e as fontes, mecanismos relevantes para explicar a maneira de agir do biografado e de sua obra. A utilização da biografia de José do Patrocínio foi um instrumento para conhecer um período marcante da história do Brasil, o comportamento da imprensa e dos intelectuais que atuaram no processo abolicionista.

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Da mesma forma, quando selecionamos os episódios que servirão de balizas para o nosso estudo, obedecemos a uma determinada postura teórico-metodológica. O tratamento que lhes dispensamos está de acordo com a orientação já previamente escolhida. Como Carr assinala, os fatos não falam por si, apenas quando o historiador os aborda, isto é, “é ele quem decide quais os fatos que vêm à cena e em que ordem ou contexto”.

Assim, direcionamos este trabalho em função das notícias sobre o cativeiro estampadas nos jornais de José do Patrocínio. Além dos parâmetros já citados, necessitávamos transformar relatos narrados pelo nosso “espectador”, naturalmente carregados de emoção, em textos que pusessem o leitor a par do que se passava na cidade do Rio de Janeiro, na última década da existência oficial do escravismo.

De uma maneira geral, os historiadores tinham certa prevenção às obras biográficas por causa de estudos tradicionais, que exaltam o biografado e não fazem qualquer análise crítica ou vínculo com o contexto social e o conjunto de ideias presentes naquele momento. No entanto, o panorama começou a mudar e as biografias passaram a ser mais valorizadas na medida em que permitem ao historiador desvelar como as iniciativas do homem interagem com as mudanças sociais e, em contrapartida, com sua própria trajetória.

Entendemos que a ação dos indivíduos contribui para as mudanças e que não podemos desvinculá-lo da sociedade na qual ele está inserido. Logo, nos estudos biográficos deve-se observar o contexto, a época e as fontes, mecanismos relevantes para explicar a maneira de agir do biografado e de sua obra. A utilização da biografia de José do Patrocínio foi um instrumento para conhecer um período marcante da história do Brasil, o comportamento da imprensa e dos intelectuais que atuaram no processo abolicionista.

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