
Este livro traz versos ocasionais. Logo se surpreenderá a testemunhar um pensamento que parte de mãos atentas e delicadas capazes de uma arte rara: a de tomar e torcer as palavras até o ponto em que cantam.
Esta é uma obra que se encontra na sequência de Cobra, apresentando uma leitura fundada na imagem corporal, pelo que se constitui como um dos poemas que mais se funda e se explicita na coluna vertebral do universo poético do autor.
O Corpo O Luxo A Obra constitui-se como um dos mais belos momentos de poesia de Herberto Helder, apresentando uma imensa energia e demonstrando a preferência do poeta pelos grandes espaços de movimento.
O poeta apresenta, deste modo, as situações do ponto de vista da mais radical subjetividade, sendo esta a sua expressão plástica mais característica.
Nascido em Funchal, Ilha da Madeira em 23 de novembro de 1930, Herberto Helder é considerado como um dos maiores poetas europeus contemporâneos.
Figura em volta da qual paira uma atmosfera mística, concedeu sua última entrevista em 1968 e desde então vive em auto-reclusão em Lisboa, com a mulher, Olga.
Em 1994, recebeu o Prêmio Pessoa, que recusou, como recusa todos os prêmios que recebe – “Seria vil aceitar, por causa do dinheiro”, disse. Em 2014, seu nome foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura.
Poeta que reescreve sem cessar, é criador/destruidor de uma gramática peculiaríssima. A transgressão regula a pontuação, os padrões são sujeitos à sua consciente desorganização, o fluxo verbal se alastra animalizando o poema.
Herberto Helder impulsiona a viva encantação das palavras, o abalo que a sua poesia provoca é um dos mais profundos que a literatura de língua portuguesa já sofreu.











