
Embora componha um universo amplo de pesquisa, o interesse maior, em Sob Os Olhos Da Crítica, conflui para uma investigação crítica em torno de três eixos muito claros que norteiam o livro de forma geral, atribuindo a ele uma coesão temática.
Assim, os capítulos se organizam em uma ordem que parte de abordagens acerca dos contornos do capitalismo e suas relações com a democracia em seus variados matizes para, em seguida, se deslocarem na direção de análises que privilegiam um amplo leque de formas com que a sociedade se organiza através dos movimentos sociais.
Esse segundo momento transita por debates em torno de questões fortemente centradas nas especificidades dos movimentos sociais construídos no Brasil, embora essa não seja a única marca distintiva dos capítulos finais.
Evidenciam-se também questões em torno das políticas afirmativas no ambiente universitário, do debate em torno do problema da pobreza – de resto ainda pouco investigado ao menos no âmbito normativo da filosofia – além de análises acerca dos problemas étnico-raciais e de gênero, bem como das lutas organizadas por trabalhadores que tratam das questões rurais e/ou urbanas.
A intenção que orienta os textos que compõem Sob Os Olhos Da Crítica é de contribuir com o debate que procura incentivar a reflexão acerca dos limites e possibilidades abertos pela articulação desses que podem ser tomados como três pilares fundantes da vida social e política desde o início da modernidade.
Pensar a emancipação das inúmeras formas de dominação produzidas pela convivência – que em alguns momentos da história aparece como convergência e em outros deixa-se enxergar verdadeiramente como divergência – entre democracia e capitalismo é um esforço reflexivo incontornável. Desse modo, é central o papel ocupado pelos movimentos sociais em seus mais diferentes matizes.
Uma análise do tempo presente que ignore a articulação em torno desses três eixos certamente perderá muito de sua capacidade; por isso o interesse desta coletânea é, através dos inúmeros olhares da crítica, não apenas apresentar um quadro analítico, mas contribuir para o fortalecimento da densidade crítica das análises políticas sobre o presente.
