A reflexão proposta trata de compreender os processos geo-históricos presentes na organização espacial da Serra dos Tapes, no estado do Rio Grande do Sul, que representa o campo empírico da pesquisa, mostrando as articulações entre as diversas dimensões do espaço que enreda sociedade e natureza.

Nesse sentido, o espaço geográfico é aqui entendido como resultado das interações dos grupos sociais com o meio físico-natural na construção de bases para o povoamento e, fundamentalmente, pensado a partir dos elementos que conformam comunidades territoriais particulares, como é o caso da região serrana dos municípios de Pelotas, Arroio do Padre, Morro Redondo, Canguçu, São Lourenço do Sul e Turuçu.

Para tanto, são apresentados os elementos e dinâmicas da natureza, os aspectos da formação histórico-cultural e o contexto socioeconômico atual, que informam sobre as tessituras espaciais e, ainda, alguns dos elementos das paisagens deste recorte territorial, ou seja, os municípios da Serra dos Tapes.

Verdum lembra sobre a longa tradição da Geografia em produzir compêndios, muitos desses se tornaram clássicos da literatura geográfica, sobre a caracterização de unidades territoriais, em diferentes perspectivas teórico-metodológicas. Essas obras, ainda hoje, apresentam-se como recursos didáticos nas práticas de educação formal e não formal.

Assim, o livro em tela é tributário dos esforços de geógrafos e geógrafas em sistematizar os diversos temas, conceitos e categorias metodológicas envolvidas no reconhecimento de uma unidade territorial, neste caso, a Serra dos Tapes, “como uma unidade construída historicamente, uma unidade político-administrativa, uma unidade cultural e mesmo simbólica […]”.

Entre 2019 e 2020 a equipe de pesquisa percorreu a Serra dos Tapes, buscando conhecer, especialmente a partir da observação, a diversidade dos mosaicos paisagísticos que se expressam nas relações dos grupos sociais com as dinâmicas da natureza e constituem as grafias dessa porção do estado gaúcho.