
Neste livro, o autor sustenta que a unidade das grandes religiões mundiais (Cristianismo, Islã, Budismo, Hinduísmo, Taoísmo) deve ser buscada no plano metafísico, espiritual e transcendente.
Dado que no plano dos dogmas, ritos e moralidades as religiões inevitavelmente se opõem, pois as formas são diversas, mas a essência transcendente é convergente.
As considerações deste livro procedem de uma doutrina que não é filosófica, mas propriamente metafísica; esta distinção pode parecer ilegítima àqueles que têm por hábito englobar a metafísica na filosofia, mas, se encontramos esse tipo de assimilação já em Aristóteles e em seus continuadores escolásticos, isso prova precisamente que toda filosofia tem limitações que, mesmo nos casos mais favoráveis como esses que acabamos de citar, excluem uma apreciação perfeitamente adequada da metafísica; esta, na realidade, possui um caráter transcendente que a toma independente de um pensamento puramente humano, seja este qual for.
Para bem definir a diferença que há entre os dois modos de pensamento, diremos que a filosofia procede da razão, faculdade puramente individual, enquanto a metafísica está ligada exclusivamente ao Intelecto; este último foi assim definido por Mestre Eckhart, com pleno conhecimento de causa: “Há na alma algo que é incriado e incriável; se a alma inteira fosse assim, ela seria incriada e incriável; e isto é o Intelecto”.
Há no esoterismo muçulmano uma definição análoga, mas ainda mais concisa e mais rica em valor simbólico: “O Sufi (isto é, o homem identificado ao Intelecto) não é criado”.
Se o conhecimento puramente intelectual ultrapassa por definição o indivíduo, se, portanto, ele é de essência supra-individual, universal ou divina e procede da Inteligência pura, isto é, direta e não discursiva, é evidente que este conhecimento não só vai mais longe do que o raciocínio, mas até mesmo mais longe do que a fé, no sentido corrente do termo; em outras palavras, o conhecimento intelectual ultrapassa igualmente o ponto de vista especificamente teológico, que é, no entanto, incomparavelmente superior ao ponto de vista filosófico ou, mais precisamente, racionalista.
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