A Idade Moderna constituiu um período decisivo, culminando no advento da Modernidade. Tomada em si mesma, porém, essa época pode ser descrita/analisada como tendo sido a de Transição do Feudalismo ao Capitalismo ou, ainda, num sentido mais específico, como a Era Mercantilista. O livro aborda as questões econômicas, políticas e sociais que marcaram essa transição até a formação do mundo moderno.
O estudo da formação da Idade Moderna pressupõe, como é natural, alguns esclarecimentos preliminares, introdutórios mesmo, acerca daquelas noções presentes nesse mesmo título, isto é, as de Idade Moderna e de formação.
A ideia de Idade Moderna remete-nos a uma antiga concepção tripartida do tempo histórico, ou seja, sua divisão em idades ou eras sucessivas, cronologicamente, conforme tradição que remonta ao século XVII; temos, então, a existência de três tempos ou idades: Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna.
Não é de hoje que se debate quer sobre as relações entre Antigos e Modernos, quer entre Tempos Modernos e Época Medieval. Neste último caso, por exemplo, a discussão tradicionalmente recai ora sobre a escolha de acontecimentos considerados marcos decisivos do início dos Tempos Modernos, ora sobre a definição de certas características distintivas do medieval e do moderno tomados como realidades históricas absolutamente diversas, quando não antinômicas.
No capítulo dos chamados acontecimentos decisivos, cabe um lugar de destaque ao conjunto das Grandes Navegações e Descobrimentos realizados nos séculos XV e XVI, principalmente pelos povos ibéricos. Mas não está assim tão distante o tempo em que se associava o início dos Tempos Modernos à influência das grandes invenções – a pólvora, o papel, a bússola e a imprensa – ou a determinados acontecimentos bastante conhecidos – a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453; a invenção da impressão
com tipos móveis por Gutenberg, nos anos de 1440; a descoberta da América pelo genovês Cristóvão Colombo, a serviço de Castela, em 1492; os começos da Reforma Protestante na Alemanha, em 1517, com a divulgação das famosas teses contra as indulgências, na catedral de Wittenberg.
Todavia, tanto o recurso ao possível impacto das chamadas grandes invenções como a crença no poder decisivo de certos fatos históricos mais célebres tenderam a ser substituídos pela referência, como elemento explicativo, aos processos e transformações mais abrangentes, quer de natureza estrutural, quer conjuntural.