
Flavia Inês Schilling, gaúcha de Santa Cruz do Sul, nasceu em 26 de abril de 1953. Aos 11 anos mudou-se para Montevidéu/Uruguai acompanhando a família, já que seu pai, o jornalista Paulo Schilling, assessor do ex-governador Leonel Brizola, asilou-se na capital uruguaia por ocasião do golpe militar de 1964.
Em 1971 Flávia Schilling iniciou o curso superior na Faculdade de Medicina de Montevidéu. No ano seguinte o presidente Juan Maria Bordaberry dissolveu o parlamento e instituiu a ditadura civil-militar no país.
Militante do grupo Tupamaro que desempenhou um papel de destaque na formação da Frente Ampla – movimento de oposição ao regime – abandonou os estudos e ingressou na clandestinidade em abril de 1972.
Ainda neste mesmo ano, em 24 de novembro, foi presa junto com seu companheiro Ruben. Na ocasião levou um tiro no pescoço e permaneceu durante um mês em um hospital militar. De lá seguiu para um quartel do exército e depois para a prisão política feminina de Punta Rieles.
Viveu, com outras presas, durante dois anos a condição de refém, com transferências constantes entre quartéis, torturas, humilhações e provocações.
Resistiu com as cartas que enviava aos familiares, os estudos e a literatura, o artesanato, e com a solidariedade e fraternidade com as companheiras durante os sete anos e meio em que ficou presa.
O Movimento de Libertação Nacional – os Tupamaros – era considerado o inimigo número um da ditadura uruguaia. Os participantes do movimento, tal como Flávia, eram perseguidos pela Operação Condor, uma aliança político-militar coordenada pela CIA (Agência Central de Inteligência, em inglês) dos Estados Unidos que atuou nos anos 1970-80, com os objetivos de estruturar e unificar a repressão à eliminação dos líderes de esquerda que se opunham aos regimes militares instalados na América do Sul e reagir à ação da Organização Latino-Americana de Solidariedade – OLAS – criada por Fidel Castro.
A causa da liberdade não tem pátria e Flávia Schilling fez como Tom Paine na Revolução Francesa, Lafayette na Revolução Americana, Bolivar nas Guerras da Independência, Garibaldi na Guerra dos Farrapos.
Generosamente, combateu pela liberdade, lado a lado com seus irmãos uruguaios. Não praticou nenhuma violência, nenhum crime. Deve constituir motivo de orgulho para todos os brasileiros.
