O título do compêndio encarna a sensação de que nossos textos
aludiam a inquietações concernentes a uma crítica ou a uma descrição das frágeis cristalizações que o senso comum imprime à percepção das coisas.
Avessos a mistificações oportunistas, distantes das bravatas psicóticas que se fazem passar por formulações críticas incorporadas em uma falsa subjetividade do professor ou do aluno universitário (tanto faz, uma vez que são espécimes endógenos do funcionalismo público brasileiro), alheios às imposturas do rigor que se arvora em posições teóricas perversamente ambíguas, os componentes desse coletivo provisório parecem reconhecer sua posição de subalternidade apenas quando são integrados a um sistema algo senil de autorização do conhecimento (a academia).
Em face de que, em realidade, o conjunto dessa Crítica descentrada para o senso comum: amostragem da reflexão acerca da comunicação contemporânea realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte indica a possibilidade de um pensamento arejado e arguto a partir de certas margens, talvez as necessárias para guardar uma distância saudável do centro, creio que não me excedo ao me remeter a Homi Bhabha a fim de invocar uma daquelas antinomias que a dialética processa e que neste caso sim, ao menos em princípio, é verdadeira: no lugar em que estamos e no tempo em que nos foi dado viver, podemos nos considerar vernáculos e cosmopolitas ao mesmo tempo.
O empenho para a elaboração deste livro começou com o segundo semestre letivo de 2012 e sustento a hipótese de que foi produto daquela margem de espontaneidade que os protocolos acadêmicos ainda permitem, especialmente quando há certa simpatia intelectual entre os componentes de uma disciplina.
Elaboramos uma dinâmica de seminários que incluía não apenas leitura e exegese dos textos consagrados, mas uma releitura dos interesses de cada discente à luz da bibliografia sugerida. Por seu turno, essa releitura implicava a confecção de um artigo científico para análise conjunta dos pares em sala de aula, o que gerou comentários que revelavam aspectos insondáveis para uma parte do grupo e operava na reelaboração de outros aspectos para o restante, em uma dinâmica de percepção de funcionalidades textuais, intertextuais e experienciais que acabaram por caracterizar os encontros e dar um esprit de corp ao grupo.
Crítica Descentrada Para O Senso Comum
- Ciências Sociais, Comunicação
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