Eugen Ruge – O Tempo Em Que A Luz Declina
Uma saga familiar que acompanha a história do século XX. Uma saga familiar que nos transporta no espaço e no tempo para contar a história de uma família alemã desde os anos 50, passados no exílio mexicano, até à revolução de 1989.
A narrativa magistral leva-nos à Sibéria e a Berlim Oriental, escalando os cumes e traçando os abismos do século XX ao longo do caminho.
O resultado é um panorama impressionante e uma monumental novela alemã, que torna a própria História tangível através da história de uma família. Uma novela de estatura imensa assente numa profunda humanidade, rigor e sentido de humor.
O Tempo Em Que A Luz Declina concentra-se em três gerações. Os avós, comunistas convictos, regressados à Berlim Oriental do início da década de 1950 para se implicarem na criação de um novo Estado.
O seu filho que, depois de ter emigrado para Moscovo e de ter sido banido para a Sibéria, regressa a um país mergulhado em valores pequeno-burgueses. Traz consigo uma esposa russa e a convicção inabalável de que podem mudar o mundo.
Enfim, o neto, que se sente cada vez mais limitado a uma casa que não escolheu e que se dirige para o Ocidente exatamente no dia em que seu avô, o patriarca da família, faz 90 anos. O brilho de uma utopia política que outrora resplandeceu, e que parecia atraente, vai-se desvanecendo gradualmente à medida que o tempo passa inexoravelmente.
O resultado é um romance tocante e magnífico sobre a ex-Alemanha Oriental, cheio de histórias que só poderiam ter acontecido ali. Em tempos de luzes minguantes é a estreia de Ruge como escritor, embora ele não seja um iniciante, pois escreve há anos peças radiofônicas, roteiros e peças de teatro, além de ser tradutor do russo para o alemão. Em 2009, ele recebeu o Prêmio Alfred Döblin, financiado pelo escritor Günter Grass, por trechos do romance.
O fato de O Tempo Em Que A Luz Declina só ter sido publicado agora tem suas razões biográficas: Ruge conta que só conseguiu escrevê-lo após a morte de seus pais e avós. A distância possibilitou a ele um olhar aguçado, embora não rigoroso, sobre seus personagens, nem sempre simpáticos.
Eugen Ruge não desculpa nem transfigura a Alemanha Oriental posteriormente, mas rememora como a justiça e a injustiça caminham lado a lado.
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