A Nova Ciência Da Política

Na presente coletânea de ensaios – proferidos na Universidade de Chicago em 1951 – justamente no templo intelectual das doutrinas utilitaristas do liberalismo econômico, Voegelin procurou recolocar o problema da ciência política para além da análise de superfície das leis, instituições, sistemas eleitorais e partidos políticos.


Para o filósofo, a metodologia para o estudo destes temas contemplava tão somente aspectos de um positivismo histórico cujo objetivo seria a auto-interpretação de mecânicas comportamentais de uma sociedade.
Mas nada falariam a respeito dos “valores” que embasassem a ação do homem no mundo.
Para preencher esta lacuna, logo na Introdução percebe-se a séria crítica feita por Voegelin a outro gigante das Ciências Sociais, Max Weber. Os valores, ideias ordenadoras da atuação política, passaram a ser tomados em fins de século XIX como anticientíficos.
Ou seja, impossíveis de comprovação pela experimentação. Ora, se o método positivista não permitia o cotejamento entre distintos arcabouços valorativos, por conta da impossibilidade apresentada, então cada teoria recortaria os fatos da experiência de modo a validar a sua auto-comprovação.
Daí o relativismo. Um mesmo fato poderia ser explicado de formas diferenciadas, mas iguais entre si quanto ao conteúdo. Mero jogo de versões. Voegelin mostra como Max Weber reconhecia a existência dos valores, mas considerou-os uma espécie de “caixa preta” (ênfase minha) em nome da isenção no debate científico. Weber teria ensinado aos seus alunos por “vias indiretas”, posto que evitasse discutir sobre os princípios que emergiam de cada teoria.
Não aceitou a tarefa de modificar noções “demoníacas em seus estudantes”, apelando assim para a “ética da responsabilidade” do governante. A omissão weberiana produziria consequências nefastas: pressupostos falsos sobre a realidade poderiam conduzir a ação política em direção à esfera do totalitarismo por causa de sonhos gloriosos do futuro.
Os meios seriam justificados em função dos fins. O segundo ponto de crítica a Weber, que o mantinha impassível em relação à discussão dos valores, tinha a ver com um falso pressuposto: o de que a história seria a evolução do racionalismo, a partir do qual o ponto presente constitui marco superior em relação ao passado.
Voegelin reconduz a metafísica ao estudo da política ao confrontar o racionalismo positivista que limitou a realidade humana ao campo da imanência. Quem quisesse rebaixar a política de Platão, Aristóteles e São Tomás ao nível de “valores”, precisaria provar que as formulações que fizeram não eram científicas. Quem poderia fazer isso? Ninguém.

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Para o filósofo, a metodologia para o estudo destes temas contemplava tão somente aspectos de um positivismo histórico cujo objetivo seria a auto-interpretação de mecânicas comportamentais de uma sociedade.
Mas nada falariam a respeito dos “valores” que embasassem a ação do homem no mundo.
Para preencher esta lacuna, logo na Introdução percebe-se a séria crítica feita por Voegelin a outro gigante das Ciências Sociais, Max Weber. Os valores, ideias ordenadoras da atuação política, passaram a ser tomados em fins de século XIX como anticientíficos.
Ou seja, impossíveis de comprovação pela experimentação. Ora, se o método positivista não permitia o cotejamento entre distintos arcabouços valorativos, por conta da impossibilidade apresentada, então cada teoria recortaria os fatos da experiência de modo a validar a sua auto-comprovação.
Daí o relativismo. Um mesmo fato poderia ser explicado de formas diferenciadas, mas iguais entre si quanto ao conteúdo. Mero jogo de versões. Voegelin mostra como Max Weber reconhecia a existência dos valores, mas considerou-os uma espécie de “caixa preta” (ênfase minha) em nome da isenção no debate científico. Weber teria ensinado aos seus alunos por “vias indiretas”, posto que evitasse discutir sobre os princípios que emergiam de cada teoria.
Não aceitou a tarefa de modificar noções “demoníacas em seus estudantes”, apelando assim para a “ética da responsabilidade” do governante. A omissão weberiana produziria consequências nefastas: pressupostos falsos sobre a realidade poderiam conduzir a ação política em direção à esfera do totalitarismo por causa de sonhos gloriosos do futuro.
Os meios seriam justificados em função dos fins. O segundo ponto de crítica a Weber, que o mantinha impassível em relação à discussão dos valores, tinha a ver com um falso pressuposto: o de que a história seria a evolução do racionalismo, a partir do qual o ponto presente constitui marco superior em relação ao passado.
Voegelin reconduz a metafísica ao estudo da política ao confrontar o racionalismo positivista que limitou a realidade humana ao campo da imanência. Quem quisesse rebaixar a política de Platão, Aristóteles e São Tomás ao nível de “valores”, precisaria provar que as formulações que fizeram não eram científicas. Quem poderia fazer isso? Ninguém.

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