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“Nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie” ( Benjamin )
De fato, a epígrafe acima de Walter Benjamin nunca fez tanto sentido como em épocas atuais: a cultura não é imparcial e pode, obviamente, ser influenciada pelas condições ideológicas e pelos mecanismos administrativos daquilo que é conhecido como racionalidade instrumental ou sistêmica.
Autores como Max Weber (racionalidade para fins) e Karl Marx (ideologia da infraestrutura econômica), por exemplo, já haviam mencionado a tese de que o modo de integração social não acontece necessariamente através de valores, mas também pela combinação e pela interferência dos mecanismos materiais e econômicos (mercado e poder administrativo) na racionalização e formação das sociedades modernas ocidentais.
Noutras palavras, a cultura não permanece incólume e pode, por isso, manifestar interesses velados, que emergem, atualmente, sob a carranca de agendas partidárias antidemocráticas, patrimonialistas e fascistas.
Isso demonstra não apenas a disparidade de interesses entre Sistema (economia e política) e Cultura (ciência, moral e arte), mas, principalmente, uma profunda crise de motivação – ou de credibilidade – às instituições políticas por parte das esferas culturais e da sociedade civil em geral.
Esse aspecto também demarca os propósitos da educação, que, dentre as suas diversas funções desempenhadas, também tem o dever de promover a integração das esferas culturais na sociedade.
Ora, se as esferas culturais também podem ser “colonizadas” pelos interesses sistêmicos, então é óbvio que a educação também sofre coações advindas de uma racionalidade instrumental e econômica.
Daí a importância de refletir sobre a dimensão e a lógica dos mecanismos de integração sistêmica na educação, pois será a partir deles que se poderá falar o quanto realmente a escola é um espaço de interações simbólicas e emancipatórias, ou uma mera extensão dos interesses administrativos ou pautas partidárias.
Neste cenário controverso, no qual barbárie e cultura convivem de maneira tão próxima, o livro Pesquisas Em Educação: Cidadania, Ensino E Sociedade é um convite ao leitor para uma reflexão apurada sobre os “meios” e os “fins” que movem a educação, que, embora carregada de inúmeras dificuldades de ordem interna e externa, também traz consigo expectativas e promessas.
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Respostas de 2
Obrigado por compartilhar essa obra! Ela é fruto de estudos e pesquisas de profissionais comprometidos com a educação e suas vertentes.
Oi, Mario Marcos Lopes!
Nós é que agradecemos, por vocês compartilharem o fruto das pesquisas desenvolvidas por vocês.
Qualquer coisa em que eu possa ajudar, é só falar.
Um abraço!