Eduardo Giannetti – Vícios Privados, Benefícios Públicos?: A Ética Na Riqueza Das Nações
O autor, cientista social e economista, com PhD em Cambridge, desenvolve na obra uma reflexão sistemática acerca dos pressupostos econômicos, posicionando-se teoricamente sobre um ponto central da reflexão filosófica sobre a economia: a relação entre ética e economia. A temática básica de Vícios Privados, Benefícios Públicos é como tal relação perpassa as questões básicas da sociabilidade humana, trazendo também uma didática releitura das bases do pensamento econômico contemporâneo e dos fundamentos filosóficos da atividade econômica, sem se limitar à descrição histórica da relação entre os tópicos, mostrando, assim, a relevância da questão.
O título do livro remete a uma proposta do médico holandês Bernard de Mandeville, defensor da ideia de que o egoísmo e a ambição pessoal geram, através da competição pelo lucro, benefícios sociais e progresso econômico para toda a sociedade. Mandeville escreveu em sua Fábula das abelhas que o egoísmo de cada abelha é que mantém a harmonia da colmeia, sendo que, se as abelhas fossem altruístas e conformadas sempre, o resultado seria o caos e a fome, e, por fim, a morte da sua sociedade. Desse modo, o fundamento das relações econômicas seria o egoísmo de cada indivíduo, uma proposta muito próxima da afirmação de Thomas Hobbes acerca dos fundamentos do Estado. Giannetti questiona se tal proposta faz sentido e, o que é raro entre os intelectuais públicos no Brasil, posiciona-se. Para fundamentar sua posição, coloca a questão de outro modo: do egoísmo individual chegamos ao benefício social? Ou ainda: a prosperidade pode ser atingida apesar da falta de ética?
Segundo o autor, essa questão surgiu devido a um processo de autonomização em relação à moral, à religião e ao estado, e Adam Smith foi um dos principais teóricos desse processo. É famosa a passagem do economista clássico sobre o que traz carne para nossa mesa: trata-se apenas do egoísmo do açougueiro. Desse modo, a economia passou a ser compreendida como uma atividade autônoma e livre de fortes vínculos institucionais e morais, sendo o liberalismo o cume desse processo. O principal crítico dessa posição, principalmente em relação às consequências da autonomia econômica, foi Karl Marx. As posições de tais autores configuram assim os dois polos fundamentais das reflexões sobre as práticas econômicas. Entretanto, entre tais espectros existem diversos posicionamentos e possibilidades teóricas.

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