Um Sonho Num Sonho

Edson Silva De Lima - Um Sonho Num Sonho: Experiência Estética E Hermenêutica Literária Nos Contos De Edgar Allan Poe (1839-1845)

É interessante como o primeiro texto que aparece nesse livro, pelo menos como parte direta, é o último a ser redigido. Aqui temos uma missão complicada, pois, em poucas palavras, apresentaremos os caminhos e, de alguma maneira, o modo como esta pesquisa deve ser lida sem que, com isso, tracemos uma regra de leitura e interpretação. Em outras palavras, estamos apontando as possibilidades e, talvez, as inquietações que levaram o autor estudado a escolher esse ou aquele caminho.

Convém lembrar que Edgar Allan Poe não é um personagem fácil de conhecer. Se por um lado procura dar conta das estruturas mais profundas do inconsciente humano, por outro descreve sua experiência histórica – e, consequentemente, política, social e cultural – através de recursos discursivos e narrativos. Parece óbvio, quando dito dessa forma, e até meio ingênuo quando simplesmente afirmamos os diversos direcionamentos de leitura com que podemos chegar a esse poeta tão movediço.

As camadas em que penetramos, nos levaram a enxergar um poeta que não se encerrou em aspectos estritamente psicologizantes que subordinassem sua obra a tópicos relativos a uma vida desregrada e leviana. Dessa maneira, nos preocupamos em ouvir as outras vozes presentes em seus contos fantásticos, que ampliam nosso espectro interpretativo para que essas múltiplas vozes não cantem em uníssono, mas que falem das curvas, das sinuosidades e seus meandros.

Permitindo-nos, portanto, concordar com a afirmação de Luiz Costa Lima quando diz que, “a mímesis artística não é imitatio, mas uma correspondência confrontativa com os valores da sociedade que a engendrou, e que, portanto, é inapropriado tomá-la como um “retrato” de algo pré-existente”.

Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual Edgar Allan Poe nos chamou atenção, mas podemos, pelo menos, declarar que esse encontro estaria enleado a uma ideia esboçada por Paul Ricoeur em uma de suas mais importantes conferências sobre a teoria da interpretação, na qual afirmava que aquilo que experimentamos em um núcleo particular de modo algum poderia ser experienciado por outrem.

Em outros termos, nossa experiência e, assim sendo, a maneira como experimentamos a vida não poderia ser compartilhada de forma direta e sem mediações, como se o outro pudesse sentir ou perceber e reconhecer esses espaços particularizados de experiência.

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É interessante como o primeiro texto que aparece nesse livro, pelo menos como parte direta, é o último a ser redigido. Aqui temos uma missão complicada, pois, em poucas palavras, apresentaremos os caminhos e, de alguma maneira, o modo como esta pesquisa deve ser lida sem que, com isso, tracemos uma regra de leitura e interpretação. Em outras palavras, estamos apontando as possibilidades e, talvez, as inquietações que levaram o autor estudado a escolher esse ou aquele caminho.

Convém lembrar que Edgar Allan Poe não é um personagem fácil de conhecer. Se por um lado procura dar conta das estruturas mais profundas do inconsciente humano, por outro descreve sua experiência histórica – e, consequentemente, política, social e cultural – através de recursos discursivos e narrativos. Parece óbvio, quando dito dessa forma, e até meio ingênuo quando simplesmente afirmamos os diversos direcionamentos de leitura com que podemos chegar a esse poeta tão movediço.

As camadas em que penetramos, nos levaram a enxergar um poeta que não se encerrou em aspectos estritamente psicologizantes que subordinassem sua obra a tópicos relativos a uma vida desregrada e leviana. Dessa maneira, nos preocupamos em ouvir as outras vozes presentes em seus contos fantásticos, que ampliam nosso espectro interpretativo para que essas múltiplas vozes não cantem em uníssono, mas que falem das curvas, das sinuosidades e seus meandros.

Permitindo-nos, portanto, concordar com a afirmação de Luiz Costa Lima quando diz que, “a mímesis artística não é imitatio, mas uma correspondência confrontativa com os valores da sociedade que a engendrou, e que, portanto, é inapropriado tomá-la como um “retrato” de algo pré-existente”.

Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual Edgar Allan Poe nos chamou atenção, mas podemos, pelo menos, declarar que esse encontro estaria enleado a uma ideia esboçada por Paul Ricoeur em uma de suas mais importantes conferências sobre a teoria da interpretação, na qual afirmava que aquilo que experimentamos em um núcleo particular de modo algum poderia ser experienciado por outrem.

Em outros termos, nossa experiência e, assim sendo, a maneira como experimentamos a vida não poderia ser compartilhada de forma direta e sem mediações, como se o outro pudesse sentir ou perceber e reconhecer esses espaços particularizados de experiência.

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