
A presente coletânea reúne uma série de estudos feministas acadêmicos sobre os modos de subjetivação de gênero em diversos espaços sociais.
Atentos às interseccionalidades do gênero à raça, classe, etnia, sexualidade, religião, região e outros marcadores sociais, tais estudos promovem a crítica aos modelos binários e hierárquicos (sexistas e racistas) de constituição dos sujeitos, mas também evidenciam a liberdade, a resistência, as “construções de si” e a pluralidade do ser, engendradas em modos de existência que escapam à lógica normativa de produção das subjetividades.
A subjetivação é aqui entendida como modos históricos e peculiares de constituição de um sujeito, mais exatamente de uma subjetividade.
Trata-se, sobretudo, de investimentos culturais em inscritos em redes discursivas que determinam modos de ser dos sujeitos. Afinal, os sujeitos são subjetivados por uma série de representações produzidas e difundidas em múltiplas instâncias discursivas (como a ciência, o cinema, a música, a televisão, a escola, a literatura, a mídia, a arte, etc.), mas também em práticas sociais que produzem e difundem diferentes “posições de sujeito”.
Diante disso, os estudos aqui reunidos chamam atenção para as representações de gênero e suas intersecções (com raça, classe, etnia, sexualidade, religião, saúde mental, região e outros marcadores sociais) no agenciamento das subjetividades, confrontando as redes discursivas sexistas, androcêntricas e racistas que determinam modelos normativos de masculinidades e feminilidades.
Na crítica aos processos de subjetivação na cultura disciplinar, nas regulamentações e normalizações essencialistas, os estudos feministas aqui reunidos chamam atenção para os perigos políticos das dicotomias hierárquicas (que opõem masculino/feminino, macho/fêmea, cultura/natureza, humano/inumano, branco/negro, público/privado, corpo/alma, heterossexual/ homossexual), destacando a necessidade de problematizá-las, desnaturalizá-las e superá-las.
Desse modo, tais estudos colaboram não só na crítica às relações de poder e regimes de verdade que se inscrevem nestes processos, mas também na visibilidade e enunciação de “outros” modos de subjetivação (tanto de mulheres como de homens) que permitam romper com os discursos pautados na determinação biológica (sexual/racial) das subjetividades.
Nesse movimento, os estudos feministas são também responsáveis pela “desconstrução” da identidade feminina e pela busca de novos modos de existência para as mulheres.











