Oswald Ponta De Lança E Outros Ensaios

Para adentrar na trama modernista, a estratégia do autor foi organizar, através da sequência dos ensaios e conferências, aqui reunidos, um itinerário não linear de problemas onde se evidencia o engajamento de um conjunto heterogêneo de intelectuais e artistas brasileiros que, desde princípios do século XX

, passou a conjugar um ideal de renovação estética e compromisso político de viés nacionalista. Na base da solidariedade que agregava o picolo mondo dos intelectuais e artistas modernistas, Éder quis destacar as ambiguidades e indefinições, os conflitos e competições que redesenharam incessantemente os contornos deste movimento.
Como é sabido, o modernismo, tomado como um conjunto de ideias e atitudes estéticas que estabeleceu fortes conexões entre arte e política foi, não obstante, profundamente heterogêneo. Aqui, amizades, simpatias, rivalidades e ciúmes que animavam as várias controvérsias relativas às convenções, técnicas e temas artísticos e literários, são pinçados e articulados ao lugar social de reconhecidos intelectuais e artistas — produtores de bens simbólicos — permitindo que nosso autor dialogue com a ampla literatura crítica, a respeito das fronteiras e temas que tradicionalmente são imputados ao campo ideológico do modernismo.
Os episódios e personagens que escolheu discutir, servem como janelas que permitem contemplar as redes de sociabilidade por onde transitavam nossos modernistas — salões, cafés, casas editoras, revistas, manifestos, correspondências, garçonnières — bem como os temas, valores estéticos e ideologias políticas que alinhavam e desalinhavam esses intelectuais.
Quem conhece o autor não se espanta com o modo desassombrado com o qual ele esgrima com tão variado leque de temas relativos às pugnas de um movimento que tão logo se afastou de seu marco fundador e normativo — a semana de 1922 — cindiu-se ao sabor dos ventos que sopravam da política. Não bastassem os alinhamentos distintos de Oswald de Andrade e Mario de Andrade na política paulista dos anos 1920, já na década de 1930, inaugurada pelo Revolução varguista, as clivagens ideológicas vão estimular o debate cultural gerando desavenças e rixas entre muitos dos integrantes dessa intelectualidade. No período entre guerras, os modernistas flertavam ou combatiam o integralismo, o Partido Comunista, o catolicismo autoritário e o ideário liberal reformado. Tudo isso a reforçar as inflexões na sintaxe modernista, suscitando tensões entre os defensores dos temas e formas nativas e aqueles mais próximos ao experimentalismo das vanguardas europeias; entre os adeptos das artes figurativas e aqueles que, nos anos 1940, aplaudiam a entrada das artes abstratas; os que valorizavam a cultura popular e o folclore, articulando uma concepção pedagógica da arte, em oposição à virtuose.

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Oswald Ponta De Lança E Outros Ensaios

Para adentrar na trama modernista, a estratégia do autor foi organizar, através da sequência dos ensaios e conferências, aqui reunidos, um itinerário não linear de problemas onde se evidencia o engajamento de um conjunto heterogêneo de intelectuais e artistas brasileiros que, desde princípios do século XX, passou a conjugar um ideal de renovação estética e compromisso político de viés nacionalista. Na base da solidariedade que agregava o picolo mondo dos intelectuais e artistas modernistas, Éder quis destacar as ambiguidades e indefinições, os conflitos e competições que redesenharam incessantemente os contornos deste movimento.
Como é sabido, o modernismo, tomado como um conjunto de ideias e atitudes estéticas que estabeleceu fortes conexões entre arte e política foi, não obstante, profundamente heterogêneo. Aqui, amizades, simpatias, rivalidades e ciúmes que animavam as várias controvérsias relativas às convenções, técnicas e temas artísticos e literários, são pinçados e articulados ao lugar social de reconhecidos intelectuais e artistas — produtores de bens simbólicos — permitindo que nosso autor dialogue com a ampla literatura crítica, a respeito das fronteiras e temas que tradicionalmente são imputados ao campo ideológico do modernismo.
Os episódios e personagens que escolheu discutir, servem como janelas que permitem contemplar as redes de sociabilidade por onde transitavam nossos modernistas — salões, cafés, casas editoras, revistas, manifestos, correspondências, garçonnières — bem como os temas, valores estéticos e ideologias políticas que alinhavam e desalinhavam esses intelectuais.
Quem conhece o autor não se espanta com o modo desassombrado com o qual ele esgrima com tão variado leque de temas relativos às pugnas de um movimento que tão logo se afastou de seu marco fundador e normativo — a semana de 1922 — cindiu-se ao sabor dos ventos que sopravam da política. Não bastassem os alinhamentos distintos de Oswald de Andrade e Mario de Andrade na política paulista dos anos 1920, já na década de 1930, inaugurada pelo Revolução varguista, as clivagens ideológicas vão estimular o debate cultural gerando desavenças e rixas entre muitos dos integrantes dessa intelectualidade. No período entre guerras, os modernistas flertavam ou combatiam o integralismo, o Partido Comunista, o catolicismo autoritário e o ideário liberal reformado. Tudo isso a reforçar as inflexões na sintaxe modernista, suscitando tensões entre os defensores dos temas e formas nativas e aqueles mais próximos ao experimentalismo das vanguardas europeias; entre os adeptos das artes figurativas e aqueles que, nos anos 1940, aplaudiam a entrada das artes abstratas; os que valorizavam a cultura popular e o folclore, articulando uma concepção pedagógica da arte, em oposição à virtuose.

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