
Esta publicação busca respostas para uma inusitada questão: a invenção do Nordeste, o surgimento de um recorte espacial, de um lugar imaginário e real no mapa do Brasil, que todos nós conhecemos profundamente, não importa de que maneira, mas que nunca pudemos imaginar com uma existência tão recente.
E falar do Nordeste é inventariar os muitos estereótipos e mitos que emergiram com o próprio espaço físico reconhecido no mapa, composto por alguns estados e cidades. É mobilizar todo o universo de imagens negativas e positivas, socialmente reconhecidas e consagradas, que criaram a própria ideia de Nordeste.
É um livro de História duplamente pioneiro: de um lado, pelo tema que elege e que se enuncia pela primeira vez, que dá visibilidade à questão, que inaugura a problemática: a invenção do Nordeste.
De outro, pelo modo de produção historiográfica que propõe. As referências teóricas que informam este estudo, sem dúvida, se colocam como um grande desafio, pois demandam e inauguram novas práticas do fazer a História.
Forçam a repensar a atividade do historiador e sua relação com o passado. Desestabilizam antigas convicções teóricas e políticas. Obrigam a nos darmos conta de que vivemos um movimento de desidentificação com a memória nacional e regional.
A Invenção Do Nordeste E Outras Artes busca entender como esta região foi sendo reelaborada permanentemente pelos vários movimentos culturais do país, começando pelo regionalismo e tradicionalismo, no seu embate com o modernismo, até o tropicalismo, que significou a problematização mais radical desta ideia de uma cultura regional e de uma cultura nacional que o Nordeste representaria.
O tropicalismo que rompeu com a formação discursiva nacional-popular e o dispositivo das nacionalidades, condições fundamentais para que fosse possível a emergência do Nordeste, vai significar politicamente o próprio questionamento da função conservadora e anti-moderna que esta construção imagético-discursiva representava, a luta contra as fronteiras sejam nacionais, sejam regionais, mais este circulo de enclausuramento a que nós homens da modernidade temos que nos submeter
